O lado cômico
ARTHUR CHAGAS DINIZ*
O número de eventos que já se sucederam à desfiliação do DEM do senador Demóstenes Torres, um dos temidos senadores da “bancada do bem”, e as sucessivas provas de seu envolvimento com o crime organizado e com pelo menos uma construtora (a Delta) preferida do Planalto (reinado Lulla) nos remetem a um episódio prosaico.
A crise apareceu quando se verificaram, na lista de presentes dados por amigos ou correligionários do nosso Catão, certos artigos recebidos por Torres como decorrência de seu segundo casamento. Ora, no Brasil não há, normalmente, festas correspondentes a segundos casamentos.
O fogão e a geladeira (importados) presenteados por Cachoeira são, no mínimo, extemporâneos desde que tais artigos são característicos de novos pares jovens que se juntam em um primeiro casamento. Normalmente, as festas de segundos, terceiros e quartos casamentos são jantares que juntam amigos dos novos casais formados, cada um introduzindo ao outro as amizades que perduraram de casamentos desfeitos.
Tenho a impressão de que Demóstenes exagerou ao mandar convite para suas segundas bodas. O fogão de Cachoeira só vai fritá-lo e a geladeira colocá-lo na temperatura em que se encontra todas as vezes que vai ao Senado. Não deixa de ser engraçado.