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O futuro será socialista?

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Recentemente, o jornalista americano e editor do The Next Web, Tristan Greene, escreveu um artigo analisando como o mundo se comportará nos próximos anos. A conclusão foi categórica: com a grande evolução tecnológica e automação, as pessoas não acompanharão o desenvolvimento da sociedade e terão seus empregos tomados pela inteligência artificial. Logo, teremos uma grande massa desempregada que precisará ser bancada pelos governos. Sendo assim, se continuarmos na velocidade da evolução imposta pelo capitalismo, o futuro da sociedade é o socialismo, conclui o jornalista.

Novamente, a história se repete. O sindicato dos lampiões ataca contra as empresas de lâmpadas. O sindicato dos cocheiros, contra as montadoras de carros. O sindicato dos banqueiros, contra os caixas eletrônicos. Greene está, no mínimo, muito equivocado, tanto em sua análise sobre o passado, quanto na análise sobre o futuro.

Resumidamente, em seu texto, o autor faz uma análise da evolução dos Estados Unidos no último século. Ele relata que, a partir dos anos 1900, com a industrialização do país, as pessoas passaram a ter trabalhos dignos e recursos suficientes para viver em boas condições. A partir de 1970, iniciou-se a era da terceirização, em que os trabalhadores foram substituídos por terceiros ou empresas do outro lado do mundo que recebem menos para executar a mesma função. Além disso, o autor cita que, em certos países, as situações trabalhistas beiram a escravidão. Por fim, com a atual pandemia e aumento da digitalização e automação, afirma que caminharemos para um cenário com mais pessoas desempregadas – e esse cenário necessitará de um modelo socialista e com forte distribuição de renda.

O autor simplesmente erra em suas definições e análises, gerando correlações equivocadas, mas que são reflexões interessantes de realizar.

Primeiramente, é importante lembrar que o trabalho é uma palavra que expressa o ato de gerar valor. As pessoas são remuneradas para resolver problemas e suprir demandas. As profissões mudaram muito ao longo do tempo, mas o que permanece igual é o objetivo: gerar valor. Cada ser humano possui suas ambições e desejos, bem como padrões de qualidade de vida que, além de variar entre pessoas, variam de momento para momento. Resumindo, sempre haverá trabalho. Com as transformações da sociedade, as demandas também mudam e os empreendedores irão se reinventar para continuar satisfazendo seus clientes.

Ainda assim, muitas pessoas podem não conseguir adaptação imediata ou não tenham capacitação para estarem inseridas no mercado de trabalho, como as que estão abaixo da linha da pobreza. Ou até mesmo situações de pandemias, em que muitas ficam impedidas de trabalhar. Nesse caso, o apoio direto às pessoas necessitadas para oferecer o mínimo de dignidade e condições de vida não é uma pauta exclusiva de socialistas. A ideia de Imposto de Renda negativo, em que todo ser humano deveria receber um salário mínimo universal para garantir as necessidades básicas de sobrevivência, é defendida há muito tempo por pensadores liberais, como Milton Friedman.

Além disso, o socialismo baseia-se em planejamento central e busca por igualdade social, que são princípios que vão no sentido oposto do desenvolvimento da sociedade. Isso podemos perceber facilmente em exemplos reais e atuais de países da própria América Latina. Logo, se esse fosse o sistema adotado no futuro, estaríamos fadados a regredir, voltando no tempo.

O futuro, com muita automação e robôs, só será possível com muito conhecimento descentralizado e em uma sociedade livre para criar soluções e resolver problemas. Quando todo trabalho maçante e pesado for automatizado, quem sabe não será possível que as pessoas escolham profissões e atividades que estejam alinhadas com suas vocações. Provavelmente sobrará mais tempo para lazer, turismo, arte e afins, atividades que ainda necessitam do senso de criatividade e improviso do ser humano.

Diferentemente do Greene, não me arrisco a afirmar qual será a ideologia do futuro. Se teremos um mercado agitado de compra e venda de terrenos em outros planetas ou se ainda estaremos na luta contra a fome. Mas uma coisa é certa: com liberdade, teremos mais prosperidade.

*Vitor Pinheiro Bobbio é Associado III e membro do Comitê de Projetos.

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