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O “estereótipo de um fascista” de Márcia Tiburi

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O psolista Jean Wyllys terá, ao que tudo indica, uma ilustre companhia em seu nobre ato de resistência contra a terrível e assassina ditadura militar reacionária de Jair Bolsonaro: a escritora petista Márcia Tiburi.

Em entrevista ao Uol, ela, que foi candidata ao governo do Rio de Janeiro exaltando Lula e apresentando basicamente como sua grande plataforma de campanha defender a sacrossanta inocência do presidiário, disse que foi embora do Brasil por sofrer ameaças, inclusive do Movimento Brasil Livre. Disse ser vítima de “milícias midiáticas”, “milícias armadas” e “milícias da maledicência”. Pontuou que não conseguia ir sequer a uma padaria sem receber ameaças de morte. Por conta disso, em missão acadêmica, Tiburi se hospedou em Pittsburgh e agora está de mudança para Paris, sem planos de retornar ao nosso país.

Não é a primeira vez em que falo de Márcia Tiburi – embora deva me antecipar em dizer que será motivo de grande felicidade se for a última. Em agosto passado, diante de sua tétrica candidatura, foi preciso diagnosticá-la como mais um personagem na longa série de demagogos e lunáticos escroques de quinta categoria que tentaram, desde pelo menos Leonel Brizola, seduzir o povo fluminense, conquanto felizmente seu destino tenha sido naufragar em péssima votação.

Pontuei naquela oportunidade que me perguntava como seria possível debater as questões que afligem o nosso querido estado do Rio de Janeiro com uma mulher de 48 anos que mais parece um “estudante” de Diretório Acadêmico daqueles que ficam batendo de porta em porta para interromper aulas de universidades e pedir votos para sua chapa que vai “enfrentar o neoliberalismo”. Ironicamente, é claro; já sabia muito bem que não haveria debate viável algum.

Sobre conversar e debater, Márcia Tiburi se apresentou como uma espécie de especialista, ao publicar seu livro Como conversar com um fascista. “Fascista”, naturalmente, está aí empregado naquela acepção líquida, difusa e despropositada com que socialistas e esquerdistas esclerosados como Tiburi a empregam, em que qualquer um que não tem a mesma cor favorita que eles já é automaticamente a reencarnação de Hitler ou Mussolini. Nesse sentido, o MBL de Kim Kataguiri, que ela acusa de ser um dos incitadores da macabra perseguição contra sua vida, seria um desses protótipos de autocratas.

Muito que bem. Qualquer um que tiver comprado o livro de Tiburi já tem pelo menos dois motivos – tentando ser generoso, decerto há muito mais – para jogá-lo no lixo ou dar-lhe uma destinação digna, como usá-lo de papel higiênico ou forro da casinha de cachorro. O motivo número um foi sua fuga da rádio Guaíba, quando se recusou a participar de uma conversa com Kim Kataguiri simplesmente por ele ser quem é, retirando-se do recinto porque, vejam só, justamente o debate (!) com alguém como ele seria impossível. O segundo, este último fato, que renderemos graças aos céus se for a última notícia que receberemos dela, de que irá embora do país porque os fascistas tornaram sua vida insuportável.

Parece a pessoa mais habilidosa do mundo para “conversar com fascistas”? Seja como for, a narrativa esquizofrênica de que forças autoritárias estão colocando a vida de figuras como Wyllys e Tiburi em tremendo risco – eles não correm mais ou menos risco que qualquer figura pública – se torna ainda mais inadmissível se levarmos em consideração que Tiburi andava fora dos holofotes. Tenho certeza de que, com a nossa memória curta, muitos sequer se lembravam de quem ela era. Já havia me esquecido, confesso, da existência dessa mulher. Se eu sou um “fascista”, e provavelmente sou, ela poderia ficar tranquila, se o que quer não fosse, como bem sabemos, apenas inventar história.

Um detalhe bizarro da entrevista final da pobre exilada política chamou-me a atenção. Reparem: “Um dia eu caí na besteira de entrar no metrô em São Paulo. Fui atacada por um cara que gritava comigo: “eu tenho orgulho de ser fascista! Eu tenho orgulho de ser fascista”. Foi muito assustador porque o sujeito caía no estereótipo mesmo de um fascista, fisicamente até”.

Não duvido da existência de um louco que pudesse ter esse tipo de comportamento, embora sem sombra de dúvidas isso seja um “ponto fora da curva”. De todo modo, fiquei me perguntando o que seria, para Tiburi, “o estereótipo mesmo de um fascista, fisicamente até”. Em primeiro lugar, como pode Márcia Tiburi ficar assustada com um estereótipo? Além do mais, um estereótipo físico (!!) de um fascista.

Físico! Eu me pergunto: como fisicamente um fascista deve se parecer? Um italiano baixinho e parrudo como Mussolini, um alemão bigodudo de fala invocada como Hitler ou um brasileiro de feições nipônicas como Kim Kataguiri? O que é isso, Márcia Tiburi, existe uma feição ou estatura que corresponda mais à imagem do fascista? Não seria isso preconceito, Márcia? Onde estão sua tolerância e sua mente aberta? Uma pessoa com “aparência de fascista” pode ser um cis-gênero-trans-alguma coisa e você nem sabe! Você está sendo muito reacionária e heteronormativa!

Tudo bem, sejamos justos, Tiburi falou em haver um “estereótipo”, não em admitir uma associação automática e irrestrita entre uma coisa e outra. Mesmo assim: um estereótipo deveria ser “assustador”, Márcia? Para alguém que, contrariando a sábia ponderação de Edmund Burke, acredita que uma sociedade pode e deve existir sem nenhum tipo de preconceito, como se pudéssemos avaliar logicamente todos os detalhes concernentes a absolutamente tudo antes de tomar decisões, não é estranho achar que um estereótipo justifica ter “mais medo” de alguém?

Não parece aquela pessoa iluminada que dizia que o assalto é uma reação social justificável ao preconceito e à opressão dos menos favorecidos! Fiquei surpreso e curioso agora; de verdade, até gostaria de saber diretamente da nossa já saudosa pensadora, afinal, qual é o estereótipo físico de um fascista.

Pensando depressa, na verdade, não gostaria. Guardo minha curiosidade para sempre com prazer. Preferiria que Márcia Tiburi nunca respondesse a essa pergunta e fosse com Deus para a companhia da esquerda caviar francesa, para nunca mais voltar.

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Lucas Berlanza

Lucas Berlanza

Jornalista formado pela Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ), colunista e presidente do Instituto Liberal, membro refundador da Sociedade Tocqueville, sócio honorário do Instituto Libercracia, fundador e ex-editor do site Boletim da Liberdade e autor, co-autor e/ou organizador de 10 livros.

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