O enigma Hollande
RODRIGO CONSTANTINO *
O editorial do GLOBO de hoje mostra a perda de aprovação do presidente socialista da França. Hollande ainda não teria mostrado a que veio. Diz o jornal:
O socialista François Hollande foi eleito na França com a promessa de ser um presidente “normal”, em contraposição à agitação e à volatilidade do rival, Nicolas Sarkozy. O argumento foi bem-sucedido na eleição, mas se mostra insuficiente para governar. Pouco mais de um ano após assumir, só 26% dos franceses o aprovam, o mais baixo índice desde 1958. A persistência da estagnação econômica e do desemprego (11%) conspira contra um político cuja liderança não convence.
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Hollande segue sem convencer que seu governo será capaz de recolocar o país nos trilhos. Até porque, segundo a maioria dos analistas, isso demandaria reformas para reduzir a burocracia, os gastos e o peso do Estado na economia, estimular o aumento da produtividade no setor estatal e no privado, flexibilizar leis trabalhistas e fazer reformas como a do modelo de previdência social, deficitário. Esta última vem desafiando os últimos líderes franceses, confrontados com o poder dos sindicatos, que podem parar o país ao menor sinal de perda de privilégios. Hollande quer iniciá-la em setembro.
Sua situação é difícil. A maioria socialista na Assembleia Nacional caiu para cinco cadeiras, após derrotas em eleições isoladas. Hollande depende mais do que nunca do apoio dos Verdes e de grupos de esquerda que são, no mínimo, céticos sobre a política econômica do chefe de Estado. Ele ainda tem tempo para mostrar a que veio. Não se sabe é se tem o que mostrar.