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O declínio da liberdade

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Imagine que, em um determinado dia, você esteja caminhando tranquilamente quando um cidadão te aborda e dá a seguinte ordem: escolha a Carta A ou a Carta B. Você até tenta se desvencilhar da situação, pois parece ser muito estranha a princípio, mas se vê obrigado a tomar a decisão. Mais ainda: as duas cartas têm grandes consequências que impactam significativamente a sua vida. Você não está satisfeito com nenhuma delas, mas não pode optar por uma terceira opção. Qual seria a sua sensação?

Essa descrição, que casaria muito bem com as páginas de um livro de suspense, é uma simples analogia com o atual cenário político brasileiro. O “caminhar tranquilamente” é uma analogia ao indivíduo consciente das suas escolhas, avaliando as alternativas a partir de argumentos concretos. O cidadão que aborda não é só um, mas sim, milhares de pessoas contagiadas pelo fanatismo político e movidas pelo extremo.

Parece irônico, mas vivemos em uma sociedade que ama a liberdade, que a busca incessantemente e que a mata todos os dias. Já dizia Friedrich Hayek, “há sempre uma relação inversa entre autoridade governamental e liberdade individual”.

Há os que dizem que essa polarização é responsável por grandes ganhos nas pautas sociais. Magnífico engano. A polarização nada mais é do que a representação da intolerância e dos excessos. Nos extremos, ou você é amigo ou é inimigo. Qualquer pessoa fora dessa regra é um isento, ou seja, um ser mais desprezível que o inimigo.

É exatamente essa postura que os ídolos políticos desejam do seu povo. Afinal, se eles são tratados como deuses, tudo podem porque nunca serão culpados de seus erros. Ou melhor, eles não erram. De bônus, são favorecidos com um marketing gratuito e veem seus nomes disparando nas intenções de votos sem precisarem fazer o mínimo esforço.

Por outro lado, a própria população não consegue exercer a sua liberdade de expressão. Se o indivíduo compartilha a sua opinião por direito, é linchado virtualmente, agredido verbalmente e até fisicamente. Se o indivíduo prefere ter paz ou não compactua nem com um lado nem com o outro, idem.

Desse modo, em uma outra analogia, as asas vão sendo cortadas e as pessoas trancadas na gaiola da ignorância, pois não podem falar do que não sabem. Em um espaço onde não há abertura para a troca de conhecimentos e de visões ou para o aprender e o rever, os indivíduos criam a mentalidade de que não há uma saída, de que o futuro já está definido e de que o errado é o certo.

No poço da ignorância, as pessoas são altamente influenciáveis pela mínima palavra que ouvem e não possuem capacidade de discernimento. Qualquer péssimo discurso ganha um apelo emocional para levantar bandeiras onde a luta passa a ser, na verdade, de um indivíduo contra o outro. Milton Friedman argumentou que “um dos maiores erros que se pode cometer é julgar as políticas pelas suas intenções, não pelos seus resultados”.

Quando menos se espera, a luta do indivíduo passa a ser contra si próprio, ao renegar seus direitos naturais e passar a servir ao interesse de outrem. Enquanto isso, os próprios ídolos políticos vivem seus luxos e desregras. Menos precisam servir aos interesses da nação e mais podem se dedicar aos seus caprichos. Brindam o caos instalado. Continuarão degustando cada experiência de uma sociedade, ao mesmo tempo, tola e repleta de certezas, até o dia em que cada indivíduo viva, de fato, a liberdade e a responsabilidade.

Não existe liberdade dependente. A condição de ser livre começa no direito de um cidadão ser individual e fazer escolhas de maneira autônoma, partindo da própria vontade e razão, pensando nos seus próprios atos e em suas consequências; onde não há espaço para a censura e, muito menos, para cartas marcadas; em que o Estado saiba o seu papel de servir ao indivíduo, não o contrário. Enfim, a verdadeira liberdade é uma sociedade que dá as cartas do jogo.

*Marcela de Oliveira Lozer é analista de Controladoria da Estel Serviços Industriais Ltda e integra o Instituto Jovens Líderes. 

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