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O Brasil não é o Governo nem o partido que ocupa o poder

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Brasil-Comunista1

De acordo com notícia publicada em O Globo, a Presidente Dilma Rouseff, na Convenção Nacional do PCdoB, declarou o seguinte: “Estamos dando uma goleada descomunal nos pessimistas, nos que tinham complexo de vira-latas e naqueles que se envergonharam desse país maravilhoso. É neles que demos uma goleada e agradecemos ao povo brasileiro”.

O ufanismo e o propósito eleitoreiro são auto-evidentes. Mas, há alguns detalhes importantes que devem ser destacados. A Presidente usou o termo “complexo de vira-latas” com relação aos que denunciaram – e denunciam – todas as falhas de planejamento efetuadas pelo Governo para a Copa do Mundo. Empregou, portanto, umrótulo pouco elegante para, logo em seguida, lançar um golpe retórico rude sobre seus críticos afirmando que eles “se envergonharam desse país maravilhoso”.

Com toda a vênia devida, críticas são saudáveis e têm lugar crucial nos países livres. Governos democráticos – que, diga-se, devem prestar contas às suas nações – têm um dever institucional de explicar as questões de forma clara e precisa, respondendo às indagações do povo, manifestadas na mídia e pelos representantes eleitos. A imprensa noticia e o verdadeiro cidadão exige um posicionamento transparente que lhe traga segurança.

É importante esclarecer que criticar o governo não significa se envergonhar, desprezar, ou deixar de amar o seu país. De uma vez por todas, o governo não é o Brasil e o Partido dos Trabalhadores não é o Governo – este último apenas está ocupando um múnus público. Essa confusão entre o Estado com o país (e, pior, de partido com governo), no intuito de transformar os críticos em “inimigos da nação”, revela, apenas, um jogo insosso e desleal de retórica.

Questionar, criticar e debater são atos legítimos que promovem a reflexão. Ninguém é infalível, muito menos o ente estatal. Nenhum Governo democrático é imune a questionamentos. Ao invés de difundir a discórdia com base no “nós contra eles”, um Governo deve mediar, negociar, explicar e fazer todo o possível para que os cidadãos cooperem livremente. É assim, dentre outras questões, que o Estado serve aos cidadãos. Só desta forma, é possível promover o crescimento e o desenvolvimento. Inimigos não se auxiliam mutuamente para alcançar seus objetivos e maximizar o resultado de todos, mas servem de massas de manobra para os famintos pelo poder.

Ao afirmar que “daremos uma goleada” nos que apontam equívocos, o Governo presta um desserviço ao país e à nação. Essa “goleada”, na realidade, é o que todos esperam. Mas, ela se traduz em eficiência, seriedade, em criar condições básicas para o crescimento, e, por que não dizer, em utilizar os recursos dos pagadores de impostos nas funções essenciais do Estado de forma comedida em prol do bem comum.

O Estado deve oferecer educação básica – sem ideologia –, ter um sistema de saúde eficaz, garantir a segurança, zelar pelo Poder Judiciário, ter forças armadas capacitadas e respeitadas,  manter a competição em um mercado livre, cuidar das relações internacionais, e, o que vem sendo esquecido, preservar a moeda. As “aventuras” fora dessas funções clássicas devem ser realizadas de forma modesta e com muito cuidado.

Por fim, concordo com o agradecimento da Presidente ao povo brasileiro. Este, sim, está dando um exemplo. Colaborando espontaneamente – sem intervenção estatal – os brasileiros estão recebendo estrangeiros “de braços abertos”. A simpatia e a alegria minimizam o impacto negativo de nossas mazelas. Se a Copa do Mundo está sendo um sucesso, tal se deve primordialmente ao povo. O Governo não é o protagonista desse resultado. São os cidadãos e asmaravilhas de nosso querido país que fazem a diferença.

Governo algum pode se apropriar dos frutos resultantes da colaboração espontânea e da atuação do povo. Isso, com o devido o respeito, é um gesto eleitoreiro que merece ser repudiado por todos. Parabéns aos brasileiros. Espero que esta Copa sirva para compreendermos a grande importância da cooperação livre e voluntária na construção gradativa de um país melhor. Todos nós podemos fazer isso – livremente –, sem que qualquer um se arvore no papel caricato de “salvador da pátria”.

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Leonardo Correa

Leonardo Correa

Advogado e LLM pela University of Pennsylvania, articulista no Instituto Liberal.

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