Novos intelectuais
por MÁRCIO ANDRADE*
Situações recentes, que trazem sofrimento real ao povo – descontrole inflacionário, aumento de impostos, corrupção institucionalizada, empobrecimento gradual do trabalhador – têm despertado nas pessoas a curiosidade sobre onde estariam os chamados ‘intelectuais’, aqueles estudiosos que gastam tempo enorme nos livros e teoricamente possuiriam lastro para operar, ante o adverso, mudanças positivas na sociedade.
Onde estão, afinal? Por que não assumem a responsabilidade como formadores de opinião? Por que não se opõem publicamente ao que está aí?Quais as razões pra tanta timidez?
A resposta parece estar no fato de que os verdadeiros intelectuais situam-se cada vez mais longe dos pólos de educação formal (institutos de pesquisa, Universidades Públicas, etc) tendo em vista que estes locais se tornaram espaços onde se nota mais militância materialista-marxista e reprodução de artigos nonsense, do que efetivamente construção do pensamento racional norteado pela evolução prática, científica e moral do sujeito.
Anos de obscurantismo ideológico, debates insípidos, e preocupação excessiva com títulos, honrarias ou condecorações aparentam ter ‘anestesiado’ o discernimento tradicional.
Desta forma, a resistência aos abusos de Estado começa a advir de outros protagonistas, de novos intelectuais que assumiram neste momento a responsabilidade de pensar um Brasil diferente.
Refiro-me ao contingente que forjou seu alicerce intelectual de acordo com o nexo entre consciência digna e ações cotidianas, trabalhadores que adotaram a razão prática para superar desafios e promover a construção social.
Brasileiros homens, mulheres, jovens, velhos, unidos por transformações que reverberem positivamente a todos, sem distinções de classe, gênero ou raça. Uma nação que valoriza o ser humano na integralidade e conhece o real significado da palavra democracia.
Nasce deste contexto um pensador novo, que não se envergonha de sair pras ruas com panelas e trajos verde-amarelos, mostrando sua indignação de quem sabe diferenciar o certo do errado. Surge o comprometimento produtivo, a racionalidade com atitude, em busca de um Brasil elevado.
* Márcio Andrade é professor estadual.