fbpx

Nostalgia, aqui me tens de regresso

Print Friendly, PDF & Email

Não desejo ser saudosista. O saudosismo nos enclausura no passado, inflexivelmente, fazendo-nos prisioneiros do que foi vivido e, assim, cega-nos para o horizonte de possibilidades no presente e no futuro.
Evidente que, em certos momentos – e acho que a felicidade é feita de momentos -, calço os sapatos da nostalgia para me lembrar de pessoas, de deleites, de contextos e de circunstâncias. Ai, como era bom…

A vida não é definitiva, por assim dizer. Avançamos em direção ao progresso material, moral e social e, ao mesmo tempo, retrocedemos alguns passos. O desejo é que o “saldo civilizacional” seja positivo na direção do efetivo progresso – para todos.

Em tempos “progressistas”, porém, muitas das aclamadas verdades não passam de mentiras românticas construídas socialmente e que são reverenciadas pelos interesseiros do poder, suportados pela propaganda midiática e mercantil.

É mister ressaltar que progressistas proeminentes de hoje são saudosos e nostálgicos por regimes autoritários que ferem – e matam – os pressupostos democráticos e do Estado de Direito. Similarmente, não me seduz a nostalgia de “tempos melhores”, numa transa promíscua com censura e violência de períodos militares.

Sem cair na tentação nostálgica, mas pela lógica da realidade, aquela que transpira no ar, tenho a nítida sensação de que o elevado grau de otimismo com relação à chegada do novo milênio tem se dissipado, e literalmente de maneira grosseira. Alguns que me seguem dirão que sou um pessimista convicto, talvez cético.

Uns alegam que o “amor venceu”; por outro lado, diria eu que, baseado em fatos e dados, a perversão e o que muitos entendem por “liberdade” – eu por libertinagem exposta – têm se imposto vigorosamente. Dessa forma, perdemos todos.

A escassez de coesão social e o segregacionismo atuais são provas cabais do meu, digamos, pessimismo.

O oceano – nada azul – de platitudes vazias ecoadas por burocratas estatais e por ativistas de todas as ordens, gritando sobre diversidade, inclusão, e justiça social, para ser econômico -, da forma como é imposto, seguramente cria mais desunião do que seguidores de pautas que são, no cerne, importantes para o avanço social.

Tais questões/pautas foram claramente politizadas, e essa ideologia se institucionalizou nos centros de poder, não só no Brasil como também no mundo. Aliás, por aqui, copia-se tudo, em especial, aquilo que é contraproducente para o bem comum.

Sim, sou mais do que cético, na medida em que tenho convicção de que questões tais como diversidade, inclusão e justiça social somente serão forças realizáveis quando, factualmente, forem umbilicalmente conectadas a valores democráticos liberais – de verdade – e que sejam compreendidos e compartilhados pela vasta maioria das pessoas que integram o tecido social.

Isso não acontece por caprichos, e muito menos por decretos, simplesmente é preciso “estar, ser e ser sentido”… Fora disso é retórica vazia! E perniciosa. Pelos ares tupiniquins, inequivocamente, inexistem democracia, Estado de Direito, liberdade – há censura, inclusive prévia -, sobram ativismos baratos e burlescos e uma imensidão de rotundos retrocessos.

Ai, como era bom… Quando, de forma transparente, enxergavam-se homens e mulheres combativos e originais lutando pela defesa desses importantes temas, em vez de muitos que, agora, tomam café, almoçam e jantam com uma única e exclusiva vontade de se opor e guerrear por questões meramente ideológicas.

Um tanto de nostalgia se abateu sobre mim. Aquela que me fazia ver, com nitidez, muito mais laços de compreensão humana mútua, e a peleia comum por instituições verdadeiramente justas e democráticas.

Pois é, eu não tenho a nostalgia reveladora da inequívoca atração por poder, pelo autoritarismo, e pela pura ideologia dos autodenominados “progressistas” de hoje. Penso que adentramos, tristemente, no momento dos passos para trás… Acho que preciso de uma vacina de otimismo para visualizar a saída desse tenebroso momento.

Faça uma doação para o Instituto Liberal. Realize um PIX com o valor que desejar. Você poderá copiar a chave PIX ou escanear o QR Code abaixo:

Copie a chave PIX do IL:

28.014.876/0001-06

Escaneie o QR Code abaixo:

Alex Pipkin

Alex Pipkin

Doutor em Administração - Marketing pelo PPGA/UFRGS. Mestre em Administração - Marketing pelo PPGA/UFRGS Pós-graduado em Comércio Internacional pela FGV/RJ; em Marketing pela ESPM/SP; e em Gestão Empresarial pela PUC/RS. Bacharel em Comércio Exterior e Adm. de Empresas pela Unisinos/RS. Professor em nível de Graduação e Pós-Graduação em diversas universidades. Foi Gerente de Supply Chain da Dana para América do Sul. Foi Diretor de Supply Chain do Grupo Vipal. Conselheiro do Concex, Conselho de Comércio Exterior da FIERGS. Foi Vice-Presidente da FEDERASUL/RS. É sócio da AP Consultores Associados e atua como consultor de empresas. Autor de livros e artigos na área de gestão e negócios.

Pular para o conteúdo