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No sete de setembro da vergonha de Dilma, temos motivos para acreditar

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“Brava gente brasileira, longe vá temor servil… Ou ficar a pátria livre, ou morrer pelo Brasil!”

O feriadão de sete de setembro, em que os brasileiros celebram a sua pátria – ainda que corroída pela imundície dos que a assaltam, ainda que configurada em uma máquina burocrática que mais pesa sobre os ombros dos que suam para mantê-la do que lhes dá motivos para irmanarem-se em seu entorno -, passou mais uma vez, com desfiles militares nas principais cidades do país. A paixão patriótica, como poucas vezes, se converteu em luto. Principalmente em Brasília.

Como todo presidente, Dilma Rousseff desfilaria, já sabíamos, na Esplanada dos Ministérios. O que os televisores exibiram foi, no entanto, um arremedo de presidente. Exibiram uma mentecapta sem vergonha, sem rubor, sem honra, que resolveu materializar, sob a forma de um muro ridículo de aço erguido para “protegê-la” dos cidadãos enfurecidos, a distância já intransponível que a separa do seu povo. A Secretaria de Imprensa da Presidência disse que é o mesmo isolamento adotado desde 2013. Desde, portanto, as primeiras convulsões provocadas no país pelo caos a que o regime lulopetista nos conduz. Nada que desfaça a vergonha; antes, isso a aumenta. No espetáculo melancólico, Dilma atravessou o trajeto, escoltada, acenando para sua claque de comparsas, que não representam mais do que nada diante da maioria do povo brasileiro. Esse espetáculo que nos revolta, porém, não nos pode levar à total desesperança. Precisamos acreditar no futuro, e temos motivos para isso.

A própria reação, consequência mesma do desastre administrativo e moral que grassa no Brasil, é um desses motivos. Não se pôde ignorar o grito dos oprimidos, que desejariam fosse outro o estado do país no dia dedicado a homenageá-lo. O “Pixuleco”, o Lula inflado, reapareceu, agora acompanhado de sua versão feminina: uma grande Dilma inflada com nariz de Pinóquio. O muro de aço, convidativo, se transformou em uma grande panela, foi pichado e parte dele foi derrubada. Os bonecos, as vaias e os protestos apareceram não somente em Brasília, mas aqui e acolá, mesclados ao público que foi prestigiar as Forças Armadas nos diversos estados.

Além disso, os dias que antecederam a data cívica foram péssimos para o governo. O vice-presidente Michel Temer (PMDB) deixou escapar a declaração incômoda de que a presidente não conseguiria manter seu mandato até o fim com a impopularidade assustadora que “conquistou”. Uma provável verdade inconveniente, mas que se tornou ainda mais inconveniente e repercutiu mal por ter vindo de quem veio. Apesar das dificuldades a serem vencidas para aglutinar a oposição e o próprio PMDB em torno da via do impeachment, a frase de Temer é um “sinal dos tempos”.

Assim como a notícia publicada em O Estado de São Paulo de que as oposições partidárias pretendem lançar um “movimento” pró-impeachment, com direito até a página virtual. Mais um pedido de impedimento da presidente apresentado à Câmara semana passada, o de Hélio Bicudo, nada menos que fundador do PT, parece tê-los motivado. Que a oposição partidária não se esqueça de que JÁ EXISTE um movimento popular pelo impeachment, que levou às ruas milhares de pessoas por três vezes em menos de um ano; mas, de qualquer modo, seu gesto é necessário – e antes tarde do que nunca.

Restam ainda dois excelentes aspectos que podem animar o brasileiro que espera que o 7 de setembro de amanhã seja melhor do que o de ontem. Um deles é, por assim dizer, jurídico. O procurador-geral da República, Rodrigo Janot, justamente criticado por sua grosseira e estúpida resposta ao despacho do ministro Gilmar Mendes reivindicando investigação da gráfica fantasma VTPB, alegadamente receptora de recursos milionários da campanha de Dilma, parece ter reagido bem à pressão. Ele encaminhou pedido ao STF para apurar os fatos relativos às “suspeitas” que rondam sobre as contas de campanha de Lula e Dilma. Baseado na delação de Ricardo Pessoa, da UTC, ele repassou a questão a Teori Zavascki, que já autorizou o inquérito tendo por alvo Edinho Silva (secretário de Comunicação Social e tesoureiro da campanha na última eleição, o que equivale, como bem lembra o portal O Antagonista, a alvejar a presidente diretamente), Aloizio Mercadante e o tucano Aloysio Nunes.  Além disso, O Antagonista também informa que Zavascki enviou parte da delação para robustecer as ações do PSDB junto ao TSE, que têm por objetivo final a impugnação da chapa de Dilma e Temer, e outra parte para ninguém menos que Sérgio Moro, para que a Justiça do Paraná investigue as contas. São todas ótimas notícias. O cerco só se fecha cada vez mais.

O outro aspecto positivo que desejamos mencionar, porém, diz respeito às perspectivas de um país melhor, para além da queda dos meliantes que hoje o degradam. Trata-se da quebra do silêncio da imprensa e da cultura. No que diz respeito à imprensa, embora a renúncia e prisão do presidente da Guatemala, um acontecimento em que Dilma poderia muito bem se inspirar, não tenha recebido o devido destaque, tivemos uma surpreendente resenha do livro Como ser um conservador, de Roger Scruton, no site do G1, e uma matéria sobre o movimento liberal e libertário na universidade, com destaque para o Estudantes pela Liberdade, na Folha de São Paulo. Talvez pareça pouco, mas é muito importante. Tanto quanto, na cultura, termos visto mais uma figura popular da classe artística se expor: no Brazilian Day, Fábio Júnior foi às favas com os artistas comprados pela Lei Rouanet e detonou Dilma, Lula, José Dirceu e o PMDB de uma só vez ao microfone. Um momento épico de desmoralização.

https://www.youtube.com/watch?v=iMKXFb2vQzM

As coisas estão mudando. É certo que já acumulamos muitas decepções, e que ainda estamos no olho do furacão; mas, com todo o respeito àqueles, quer da esquerda, quer das fileiras liberais, libertárias e conservadoras, que não manifestam suficiente apreço pelo Brasil e pela ideia de pertencimento e de pátria para encontrar forças e acreditar nos resultados da luta que hoje estamos travando, para mim, desistir não é uma opção. Todo amor ao Brasil – e todo repúdio aos cleptocratas que o desgovernam.

 

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Lucas Berlanza

Lucas Berlanza

Jornalista formado pela Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ), colunista e presidente do Instituto Liberal, membro refundador da Sociedade Tocqueville, sócio honorário do Instituto Libercracia, fundador e ex-editor do site Boletim da Liberdade e autor, co-autor e/ou organizador de 10 livros.

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