A maior das cleptocracias
Pode ser que o Brasil não esteja na rabeira, entre os países pior classificados nos índices de corrupção internacionais. Talvez ganhe um prêmio de consolação, comparado a alguns colegas africanos. Mas a sensação térmica interna é de permanente, continuada e intensa elevação da temperatura do tema.
Corrupção é doença social característica do estado e de seus agentes individuais. Quanto maior, poderoso e burocrático o estado, mais profundamente será corrupto. E mais vantagem proporcionará a que seus prepostos enveredem pelo enriquecimento sem esforço propiciado pela criação de dificuldades para venda de facilidades, ou pelo brutal volume de compras estatais. Propinas e suborno escorrem pelas frestas de todas as atividades governamentais.
O livro Os Bens que os Políticos Fazem, do jornalista Chico de Gois, da Editora Leya, é um passeio amplo contra todos os princípios e Códigos que regem a moralidade pública. E não dizem respeito, precipuamente, a figurões que resplandecem em Brasília. Com algumas exceções, são políticos interioranos, pés de chinelo, que enriquecem a custa de propinas e corretagem de verbas, sugadas de seus conterrâneos miseráveis.
Raríssimo é o dia em que a imprensa não revela algum fato escabroso de corrupção em qualquer dos níveis federativos, quando não em vários simultaneamente. Não escapam os governos federal, estaduais e municipais, de todos os tamanhos, pequenos, médios ou grandes. E as áreas de atuação dos funcionários e políticos corruptos vão dos setores mais carentes como educação, saúde, habitação, saneamento, calamidades públicas, etc. aos mais prosaicos como trânsito, merenda escolar, manifestações culturais ou buracos em ruas e calçadas. Nada escapa da sanha dos corruptos. E não resolvem ou adiantam serviços de inteligência, controladorias ou Tribunais de Contas.
A única terapêutica possível para essa enfermidade mórbida seria uma redução das atividades e poderio estatais. Mas tal grandeza não está no horizonte de nossos políticos, que preferem conviver com a doença e dela se aproveitar, lambuzando-se em sua promiscuidade.
Infelizmente o Brasil está condenado a ser a maior das cleptocracias da História Universal.