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Lulaenstein e o marketing petista da Era Frozen

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victor frankensteinVictor, quando adolescente, se interessava por alquimia. Mais tarde, tornou-se um médico famoso: Dr. Frankenstein. Luiz Inácio, quando jovem, era torneiro mecânico e, depois, se tornou Lula, presidente da República do Brasil. Porém, assim como Dr. Victor, Lula também deve possuir habilidades de alquimista, pois conseguiu transformar Dilma Rousseff (sem ter passado por nenhuma eleição pregressa) em ouro, ao fazê-la sua sucessora, na eleição de 2010.

Quando Dilma assumiu a presidência, a expectativa de muitos brasileiros era de que teríamos o melhor governo pós-redemocratização. Afinal de contas, o “criador” dera luz a uma excelente administradora, a mãe do PAC, a “gerentona” que tudo resolve e, sobretudo, a fiadora de uma mudança em curso na política macroeconômica. Era do que precisávamos, comemorava Lulaenstein.

O iniciozinho do primeiro mandato parecia alvissareiro, pois a nova presidente quis mostrar independência e garantir que não era o “poste” que apregoavam os irônicos adversários. Comandou mudanças na equipe deixada por Lula, sugerindo, inclusive, uma faxina moral. Muitos petistas juravam mãe-morta-de-pé-junto que os mensalões da vida eram coisa do passado, pois, com Dilma, “o buraco é mais embaixo”.

Entretanto, como diz a famosa frase do marqueteiro americano, James Carville, “é a economia, idiota”, a situação começou a se desvirtuar em meados de 2011, quando o Banco Central do Brasil inflexionou a política monetária, com uma queda surpreendente da taxa SELIC. Naquele momento, o BC botou uma pulga atrás da orelha do mercado, ao sugerir que era necessário mudar o mix de políticas de combate à inflação, usando mais intensivamente as chamadas medidas macroprudenciais. Ao mesmo tempo, a equipe econômica (Mantega e Augustin) dava de ombros para a rigidez fiscal, argumentando que o ajuste anticíclico de Lula havia sido bem sucedido e vinha para ficar. Mas não foi só isso…

Enquanto a economia era aquecida pelo lado da demanda, Dilma passa a mexer em contratos e em marcos regulatórios, além de interferir em taxas de retornos de projetos, trazendo um novo ingrediente até então não experimentado: a incerteza jurisdicional. Os empresários ficam ressabiados com as mudanças impostas em setores fundamentais, como energia, afugentando-os de participarem de novos projetos de infraestrutura. Tal postura vai reduzindo, em minha visão, o nosso PIB potencial para algo em torno de 1,5-2,0% ao ano. Assim, qualquer crescimento pouco mais robusto trará (como trouxe) inflação. Mas não foi só isso…

A combinação de politicas expansionistas, aliada a uma taxa de câmbio valorizada, faz retornar o déficit em transações correntes do balanço de pagamentos. Dessa forma, passamos a conviver com uma tríade mortal: desajuste fiscal, inflação no teto da meta e contas externas deterioradas (sem contar que a moeda apreciada tirou competitividade da indústria). Mesmo diante desse quadro adverso, Dilma se reelege em 2014, numa eleição onde o marketing petista nos vendeu um país de filme da Disney (era Frozen).

Agora, quando todas as verdades vieram à tona e a economia mostra sua real face tenebrosa, Lulaenstein diz estar de “saco cheio”, reclama dos que criticam Dilma e indica que vai viajar pelo país, para ouvir as aflições de seus compatriotas. O fato é que as coisas não andam boas para seu lado. Flertou com a oposição para dialogar sobre o possível impeachment de Dilma, que, no entanto, lhe fechou as portas. Viu seu antigo fiel escudeiro, José Dirceu, ser preso novamente, em mais uma fase da Lava-Jato.

O problema é que Lula, se quiser concorrer com reais chances de vencer em 2018, necessitará se distanciar de Dilma. Mas como fazer? Em a alquimia não mais funcionando, precisará se transformar no mágico Lulafield (lembrando que Copper é cobre; terceiro lugar). Conseguirá? Let him go!

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Alexandre Espirito Santo

Alexandre Espirito Santo

Economista e Professor do IBMEC-RJ

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