Home office, ajuda ou atrapalha?
Em tempos de coronavírus, as rotinas foram alteradas. Inicialmente detectado na China, o vírus não demorou a se disseminar pelo mundo. Na maioria dos países, foi decretado estado de quarentena, as pessoas passaram a ter a circulação limitada e muitas empresas precisaram se adaptar para manter suas atividades produtivas.
Antes mesmo de a pandemia surgir, porém, uma gama de empresas já estimulavam o início do formato home office para os cargos elegíveis. O objetivo inicial era permitir que os trabalhadores tivessem mais tempo em família e conseguissem suprir algumas necessidades pessoais. As organizações que promoviam esse método o realizavam de forma lenta e contavam uma tímida adesão por parte dos colaboradores. Segundo o entendimento de algumas corporações, os colaboradores, ao modificarem suas jornadas de trabalho, aumentariam a produtividade, uma vez que isso traria benefícios a sua vida pessoal e profissional. O colaborador consegue conciliar melhor as necessidades pessoais, como ir ao médico e cuidar dos filhos, com as profissionais, além de otimizar tempo evitando deslocamentos.
Entretanto, com a chegada do coronavírus, o que era apenas um incentivo passou a ser uma prática imposta pelas empresas, embasada no cenário de crise humanitária em que vivemos e a necessidade de distanciamento social. O fato é que diversas empresas passaram a experimentar esse método e vislumbraram a manutenção da capacidade produtiva.
Particularmente, acredito que a presença de lideranças “na linha de frente” seja o diferencial nos quesitos engajamento, motivação e clima das pessoas. A presença física do colaborador na organização estimula e fortalece os relacionamentos. No livro A mentalidade do Fundador, os autores Zook e Allen reforçam essa ideia, afirmando que esse comportamento ajuda a construir uma cultura de pertencimento e traz ganhos intangíveis às organizações.
Contudo, podemos pontuar que uma das melhores formas de se vender o produto é fazendo o cliente provar dele. E, neste momento, a maior parte dos empregados em diversos tipos de empresas está experimentando esse formato laboral e percebendo que é possível produzir e entregar resultados. Acredito que, após a crise da Covid-19, uma parcela considerável de empresas terá seus indicadores de home office estendidos em número de dias de trabalho e em quantidade de colaboradores. O método não atrapalha, ele permite flexibilizar a forma de trabalho e correlacionar as necessidades pessoais com as profissionais, além de fomentar a relação “ganha-ganha” entre empregado e empregador.
*Rachel Campagnaro Carminati é associada do Instituto Líderes do Amanhã, engenheira eletricista, mestre em Engª. Elétrica e atua na empresa Vale S/A.