Sobre a expressão “neoliberalismo”

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A expressão “neoliberalismo” nasceu atrelada ao Colóquio Walter Lipomann, que, na década de 30, reuniu ordoliberais alemães, Mises, Hayek e outros intelectuais, como o francês Raymond Aron. Esses autores, diante da ascensão do liberalismo social inglês, do New Deal e dos totalitarismos, queriam promover uma revisão do liberalismo clássico, com alguns aceitando mais papéis ao Estado do que anteriormente para conseguir estabelecer um campo liberal que competisse com as tendências mais estatizantes da época.

Atribui-se o emprego original do termo a Alexander Rüstow, um dos patriarcas da economia social de mercado alemã, influenciada pelo ordoliberalismo da escola de Freiburg. Muitos desse grupo estariam na fundação da Sociedade Mont Pèlerin. Entre as teses centrais do ordoliberalismo, por exemplo, estava a necessidade de uma atuação mais intensa do Estado no combate a trustes e monopólios.

Mais tarde, especialmente a partir da atuação dos Chicago Boys no governo Pinochet nos anos 70 e a influência, respectivamente, de Hayek sobre Thatcher e de Friedman sobre Reagan nos anos 80, a expressão ficaria associada a um quadro de contestação teórico-prática ao “consenso keynesiano” imediatamente anterior.

Hoje, parece mais um insulto para se referir a qualquer coisa que a esquerda odeie do que a designação de uma tendência de pensamento propriamente dita.

É preciso ter certa cautela ao estabelecer uma espécie de abismo entre esses “neoliberais” e o liberalismo clássico, que, a meu ver, ao contrário do que alguns entre eles próprios acreditavam, não existiu. Há distinções mais de aplicações específicas que de fundamentos, de grau que de essência. Salvo na terceira acepção, usada pela esquerda e que de nada vale, um dito “neoliberal” é um liberal e pronto. Aceitar que o Estado poderia ter outros papéis além de segurança e justiça é algo que se faz desde Locke e Adam Smith. Ninguém está fora do liberalismo por causa disso.

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Lucas Berlanza

Lucas Berlanza

Jornalista formado pela Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ), colunista e presidente do Instituto Liberal, membro refundador da Sociedade Tocqueville, sócio honorário do Instituto Libercracia, fundador e ex-editor do site Boletim da Liberdade e autor, co-autor e/ou organizador de 10 livros.

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