“Há pessoas tentando jogar o IPEA no lixo”
“Há pessoas tentando jogar a instituição (o IPEA) no lixo” – essa frase foi pinçada de uma entrevista do Presidente do IPEA, Marcelo Neri, a um grande jornal brasileiro. Tal comentário veio no bojo de uma defesa ao IPEA, severamente atacada por vários setores sociais após a vexatória retratação sobre a pesquisa acerca da visão do brasileiro sobre a responsabilidade da mulher-vítima no estupro.
Eu concordo com Marcelo Nery, tem gente sim tentando jogar o IPEA no lixo. Mas são os próprios diretores da instituição, apadrinhados pelo PT, e não a sociedade brasileira.
O IPEA é uma fundação pública que tem a finalidade de pesquisar a funcionalidade de políticas públicas brasileiras, de forma a tentar otimizar o papel do Estado na vida do cidadão. Partindo do pressuposto que a Constituição brasileira é incrivelmente interventora e o afastamento do Estado de muitas das funções em que ele atua é juridicamente impossível, o IPEA poderia fazer o interessante papel de mostrar para os governos as falhas da sua atuação, minorando o efeito deletério que o excesso de burocracia e de tributos causa na economia nacional e na liberdade do cidadão brasileiro.
No entanto, recursos públicos são desperdiçados em pesquisas que nada tem a ver com a economia brasileira, e sim com questões sociais que fazem muito mais o perfil do IBGE, por exemplo, em um claro caso de superposição de competências.
No que tange à pesquisa do estupro, os únicos brasileiros que realmente acham que mulheres devem ser atacadas, seja por que motivo for, são os próprios estupradores, e eu duvido que mais de 0,5% dos brasileiros são estupradores. Até mesmo a nova porcentagem apresentada pelo IPEA, de 26% dos brasileiros apoiando o estupro de mulheres sem roupas, é exagerada. Um verdadeiro atentado à nossa inteligência.
Tenho certeza que o IPEA será visto com respeito e admiração quando voltar a fazer pesquisa econômica e perder esse aparelhamento político que publica pesquisa com resultados encomendados.