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Gestão: a arte de fazer acontecer

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Vocês sabem como a energia elétrica chega até vocês e como fazer para prevenir que ela falte? A energia é gerada por meio de usinas que podem ser hídricas, térmicas, entre outras. Após ser gerada, ela percorre as linhas de transmissão, que se conectam às subestações, e dali seguem pela rede de distribuição para os clientes. Eu era responsável pela manutenção da rede de distribuição na região sul do Espírito Santo. Nosso papel era prevenir as falhas na rede e, por conseguinte, evitar a falta de energia.

O processo se iniciava em outra área e consistia em inspetores percorrendo a rede, poste a poste, realizando anotações em suas pranchetas, o que chamamos de “croquis”. Ao final do dia, esses papéis eram destinados a um backoffice para que as informações fossem digitadas em nosso sistema. Era um processo lento, burocrático, falho, pois, muitas vezes, a informação não chegava em tempo hábil para evitar o defeito.

Além disso, a característica de uma rede de distribuição é de dimensões quilométricas, espalhadas por geografias que variam entre litoral, montanhas, vales, matas e cidades. Fazer a prevenção em um sistema de dimensões estaduais é muito complexo e custoso. Essa era a “dor” do processo.

As dimensões da rede impossibilitam ter equipes suficientes para detectar pontos de possíveis falhas, pois havia mais rede do que capacidade de inspeção. Tal fato catalisou a necessidade de adaptação a processos mais produtivos, automáticos e lucrativos. Entretanto, como fazer grandes mudanças com restrição de orçamento, sem grandes investimentos?

A evolução tecnológica tornou a experimentação um processo barato e acessível. Basta observar que, ao abrir nosso celular, é possível encontrar centenas de tipos de aplicativo e, diante disso, surgiu a ideia: desenvolver um aplicativo compatível com smartphone e sincronizado ao sistema operacional da empresa, que tinha por função captar o ponto exato (por sinal de GPS), registrar fotos, padronizar informação e torná-la acessível em tempo real.

Os ganhos foram enormes, visto que o processo que demorava dias passou a ser em minutos. As equipes de programação conseguiam manipular a base de dados e visualizá-la de forma georreferenciada, melhorando a qualidade das rotas e o tratamento das prioridades.

Para realizar a construção desse aplicativo, não foram necessários altos investimentos. Trabalhamos com a metodologia MVP – Minimum Viable Product ­– muito bem explicada no livro A Startup Enxuta; conseguimos desenvolvê-lo em plataforma free e, à medida que recebíamos os feedbacks, melhorávamos o aplicativo. Não foi necessário ir ao mercado buscar por empresas parceiras, pelo contrário; havia na equipe um profissional que possuía os conhecimentos e as habilidades necessárias ao desenvolvimento. Às vezes, não observamos que a solução está dentro de “casa” e nesse caso estava: o meu estagiário.

Sim, esse grande projeto e essa transformação foram fruto da mão de obra pouco valorizada em algumas empresas. Esses profissionais possuem um potencial para enxergar o que não conseguimos ver, no nosso dia a dia, devido ao “vício” do processo. Com esse aplicativo, conseguimos aumentar a produtividade dos inspetores em campo em cerca de 20%; em 6 meses tivemos um custo evitado de R$ 380 mil e reduzimos o tempo, entre o instante de detectar o defeito até a ordem de serviço chegar à equipe de manutenção, em 80%.

O projeto foi revolucionário, não somente pela magnitude dos ganhos, mas por ter sido feito pelo profissional e no local mais improvável: fora da sede e do centro de inovação da empresa. Além disso, pela primeira vez, um projeto de estágio do “interior” venceu o Prêmio de Estágio. Como dizia Ludwig V. Mises: “Ideias e somente ideias podem iluminar a escuridão”. Não importa onde estejamos, não importa se somos empresários ou colaboradores, o que importa é a liberdade de criar, inovar e gerar progresso aos nossos negócios.

É com muita garra, foco e determinação que dou cada passo em minha carreira. Eu que estudei Engenharia Elétrica e me formei mestre, pela Ufes, trabalhei por três anos em uma grande obra de engenharia, em um ambiente hostil e machista. Logo após, aceitei o desafio de morar no interior, saindo da casa dos meus pais para morar sozinha e ser Engenheira de Manutenção de Redes. Então, com apenas um ano e meio na função, e aos 29 anos, me tornei a primeira gestora operacional mulher de uma área técnica, no grupo, a nível Brasil.

O meu principal papel como líder não é somente gerar lucro à empresa – esse item é indiscutível -, mas sim gerar valor. Escolher as pessoas certas para compor o time, assim como afirma Jim Collins, capacitar e desenvolver meus colaboradores, orientá-los e transformá-los em pessoas e profissionais melhores para a sociedade. Além de criar sucessores, com base em valores fortes como a responsabilidade individual e social, ética, liberdade e autonomia, formar profissionais que possam ser líderes assim como nós.

*Rachel Carminati é associada II do Instituto Líderes do Amanhã.

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