A falácia do separatismo
NIVALDO CORDEIRO *
Esporadicamente deparo-me com opiniões de que uma das soluções para o Brasil seria permitir a separação de partes do território. Assim, supostamente porções mais ricas poderiam ficar ainda mais ricas se saíssem do guarda-chuva da Federação. E as mais pobres superar sua própria pobreza, em passe de mágica, supostamente por escapar do “imperialismo” interno. Obviamente esses são argumentos estúpidos, que não se sustentam.
O meu argumento é duplo contra isso, um positivo e outro negativo. O lado negativo evidente é olhar o que houve na América espanhola. Lá, a fragmentação do território, ao contrário do que houve na América portuguesa, não produziu ilhas de prosperidade. Muito ao contrário. Uma coleção de paisecos caricatos está aí: Uruguai, Bolívia, Equador servem bem à chacota internacional. O belo exemplo do Chile é a exceção à regra. A grande Argentina está reduzida a escombros, sem que lá tenha havido guerra. A Colômbia mal saiu, se é que saiu, da guerra civil. A Venezuela agoniza sob o bolivarianismo. E o Paraguai é sinônimo de contrabando no Brasil.
O lado positivo está nos EUA, país continental como o Brasil, que muito enriqueceu e hoje serve para o exemplo ao mundo, por sua liberdade e sua criatividade. O que seria da grande nação do Norte se as treze colônias originais tivessem se fragmentado? Provavelmente estariam fadadas à irrelevância histórica. É bom lembrar que lá a unidade da nação foi mantida por uma sanguinária guerra civil, da qual escapamos.
O maior legado do Império para as gerações atuais de brasileiros é ter conseguido construir, não apenas a unidade territorial, mas a unidade de fato do Brasil. Uma língua comum, costumes quase os mesmos e a miscigenação que, queríamos ou não, é a marca registrada do Brasil.
O argumento separatista é tolo e desprovido de razão de ser. É uma causa perdida. A conquista do território por nossos antepassado é patrimônio de todos os brasileiros. Indissolúvel.
O que empobrece o Brasil não é a unidade política, mas sim, a hipertrofia do Estado, que tem sugado as forças vitais da Nação. A luta real é bem outra, é para expulsar os socialistas do governo e fazer prevalecer a boa política econômica, reduzir a carga tributária e cassar os regulamentos vis que impuseram canga à atividade produtiva e à prosperidade. Precisamos renovar os estatutos da liberdade econômica e política.
* ECONOMISTA, ARTICULISTA
Muito fraco o texto. Se você comparar o IDH, a renda per capita, o índice de analfabetismo e de liberdade econômica, entre outros índices, O Brasil não está melhor que muitos dos seus vizinhos que o autor tenta ridicularizar. Inclusive, muitos países como o Peru, a Colômbia, o Chile e o Uruguai se não estão tão melhores que o Brasil agora estarão em muito breve.
Eu não sou a favor de separatismo de estados brasileiros, mas também não me oponho. Se a maioria absoluta de um estado não desejar mais fazer parte do Brasil quem sou eu para dizer que não pode.
A propósito, qual sustentação filosófica para isso: “O que seria da grande nação do Norte se as treze colônias originais tivessem se fragmentado? Provavelmente estariam fadadas à irrelevância histórica.” Simplesmente ridículo. É bem provável que a América do Norte estivesse ainda melhor se em vez de um grande poder centralizado houvessem vários pequenos estados com muito mais autonomia competindo entre si. Negar isso é não entender os princípios defendidos pela filosofia liberal/libertária.
Caro,
Fiz um overview e até me esqueci do Peru.
Da Colômbia lembro apenas ter comentado da guerra civil.
Grato pelas observações.
Nivaldo
Prezada Ligia,
Com todo respeito, está precisando se atualizar um pouco com relação a alguns países. A Colômbia é hoje, ao lado do Chile, dos poucos países da região em que o liberalismo econômico fala mais alto, em que não há domininação doutrinária de esquerda nos meios de comunicação e na educação. Sim, ainda persiste o problema com as Farcs, mas hoje bastante sob controle, e somente com alguma força ainda devido ao financiamento via narcotráfico e a proteção da pseudo-ditadura Venezuelana…
É bem verdade que o atual presidente flerta com o besteirol ao apenas querer dar ouvidos à guerrilha, nas tais conversações de paz. Mas isto é repudiado enormemente pela população, e pode até lhe custar a reeleição (provável que não, mas mais pela falta de boas alternativas que outra coisa!).
Falo tudo isto com conhecimento de causa – sou casado com uma Colombiana e conheço relativamente o país e os rumos tomados. Por isso seu comentário um tanto desinformado, e até um “cadinho” preconceituoso, se me permitir a franqueza.
Fora este, digamos, lapso, achei o artigo bastante bom, e também considero que o separatismo não é solução. Um puro federalismo bem implementado teria muito mais eficácia, sob o princípio da subsidiariedade…
Rodrigo,
grata pelo comentário. O artigo é de Nivaldo Cordeiro. É uma satisfação ler um depoimento como o seu e ter notícia em primeira mão do quadro atual da Colômbia. Retransmitirei suas observações ao articulista. Ainda sobre a Colômbia, recomendo a leitura de ‘A segurança pública no Rio e os seus fiascos’, de Ricardo Vélez-Rodríguez, colombiano residente no Brasil e estudioso dos problemas brasileiros. Veja como ele compara as UPPs do Rio com o tratamento dado à violência em seu país de origem. O link é: http://www.institutoliberal.org.br/blog/seguranca-publica-rio-e-os-seus-fiascos/