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Expansão do ensino, escassez e eficiência na especialização profissional

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BERNARDO SANTORO*

Recebi por e-mail uma interessante entrevista do site “Observatório da Educação” com Denise Moretti, mestre em Direitos Humanos. Segundo sua dissertação,  “A compatibilidade entre a lógica econômica e o ensino superior, após a Constituição Federal de 1988: o caso da Anhanguera Educacional Participações S.A.”,  a expansão do ensino superior no Brasil não foi acompanhada da garantia da qualidade educacional, havendo maior necessidade de regulação no setor com a finalidade de frear a expansão das instituições privadas.

A autor critica as universidades privadas por elas supostamente serem de pior qualidade. Esse argumento é reiterado pelos seguintes princípios: (i) elas seriam empresas de massa com baixa mensalidade; (ii) elas não teriam docentes com tantos títulos quanto as públicas e (iii) estariam dissociadas da pesquisa e extensão.

Por incrível que pareça, eu concordo com todos esses princípios, e no entanto discordo absolutamente das conclusões da pesquisadora.

As universidades privadas populares são cada vez mais empresas de massa sim, que cortam custos e simplificam metas e objetivos. E isso é muito bom para a população em geral. Toda a crítica da autora parte do pressuposto que ensino bom é o ensino voltado à pesquisa acadêmica e à produção de conhecimento, mas isso é um completo equívoco.

Ensino bom é o ensino criado para satisfazer as necessidades do seu cliente. A maioria dos alunos que fazem faculdade no Brasil hoje não têm pretensões acadêmicas. Querem mesmo é operacionalizar determinada competência do saber e utilizar o que aprendem para se inserir no mercado de trabalho.

Destaco que ainda hoje há uma escassez de profissionais professores de alta qualidade. Mesmo que todos quisessem participar de produção científica, não haveria professores doutores suficientes para todos os alunos. Quando a autora reclama que há muito mais professores doutores na universidade pública que na particular, resta evidente que isso se dá porque falta profissionais suficientes para ambas.

Dada essa situação, e o fato de que é muito bom ser servidor público no Brasil, por um série de incentivos (salários mais altos, estabilidade, falta de metas, melhor previdência, etc), os professores doutores seriam loucos de ir para as universidades privadas, e acabam optando pelas universidades públicas.

Conforme o Brasil for criando mais quadros acadêmicos de excelência, as universidades privadas normalmente passarão a ter quadros mais técnicos, mas isso será um processo natural que não poderá ser apressado pelo governo pelas limitações existentes hoje no mercado acadêmico.

Para a realidade brasileira atual, de recursos escassos e onde que a massa de alunos quer se inserir no mercado de trabalho, ter uma universidade de massa, barata, voltada para o ensino prático e com professores mestres que custam menos que professores doutores, é a melhor coisa que poderia ter acontecido na busca por uma especialização eficiente de recursos humanos, especialmente para os mais pobres.

*DIRETOR DO INSTITUTO LIBERAL

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