Mais razão, menos lacração: a diferença salarial entre Neymar e Marta
Outro fator determinante do salário é a quantidade de valor que você gera. O salário dos trabalhadores tende a ser proporcional ao valor gerado – pelo menos na iniciativa privada. Se em 2019 o Gabigol gerou, por exemplo, 100 milhões de reais para o Clube de Regatas do Flamengo, enquanto o Rodinei gerou 5 milhões, é natural que o salário do Gabriel Barbosa seja maior que o atual lateral do Sport Club Internacional.
Não dá para sequer comparar os valores gerados por Neymar Jr. e Marta Vieira da Silva – e um bom exemplo disso está nas redes sociais. No Facebook e no Instagram, o atacante do PSG – Paris Saint-Germain tem, respectivamente, 60 milhões e 145 milhões de seguidores, enquanto a jogadora do Orlando Pride não tem nem 2% disso: 350 mil no Facebook e 2,4 milhões no Instagram.
Tais números deixam claro que o futebol feminino não tem tanta procura quanto o masculino. Por que o futebol feminino não atraí tanto o público assim? Porque ele é ruim. Muito ruim. Tanto é que a seleção brasileira feminina recentemente perdeu de 6 x 0 para a equipe sub-16 do Grêmio FBPA.
O que podemos fazer quanto a isso é óbvio: tornar o futebol feminino mais agradável ao público. A questão é o “como”. Bem, eu tenho uma sugestão: adaptar o campo e o jogo às mulheres, como ocorreu em outros esportes. No vôlei, a rede masculina tem uma altura de 2,4 metros contra 2,2 metros das mulheres. No tênis, as partidas entre mulheres chegam a no máximo três sets contra um máximo de cinco sets para os homens em Grand Slams e na Copa Davis. Há também diferenças no boxe, basquete e golfe.
Já passou da hora de o assunto sobre a diferença salarial entre homens e mulheres ter mais razão e menos lacração.
*Artigo publicado originalmente por Cornado Abreu na página Liberalismo Brazuca no Facebook.