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Economia com a cigarra e a formiga

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Era uma vez uma cigarra que vivia saltitando e cantando pelo bosque sem se preocupar com o futuro. Esbarrando numa formiguinha, que carregava uma folha pesada, perguntou:

“Ei, formiguinha, para que todo esse trabalho? O verão é para a gente aproveitar!”

“Não, minha cara Cigarra. Preciso trabalhar agora para guardar comida para o inverno”, respondeu a formiga.

Preferência temporal

Neste trecho da história, já temos alguns importantes conceitos econômicos. Entre eles está a preferência temporal, que nada mais é que a tendência do ser humano a preferir a satisfação presente à futura. Quanto mais alta é a preferência temporal, mais latente é a preferência pelo consumo presente, e, quanto mais baixa a preferência temporal, maior a disposição para poupar e guardar para o futuro.

Vemos que a cigarra tem uma alta preferência temporal, por estar preocupada apenas com o presente, sem se preocupar em sacrificar a sua diversão, ou uma parte dela, para buscar comida para o inverno. A formiga, por outro lado, demonstra se preocupar muito com o futuro. Por isso, dizemos que a formiga tem uma baixa preferência temporal e, consequentemente, realiza sua poupança.

Poupança

Aqui vemos um segundo conceito econômico importante: a poupança. Poupança nada mais é que a parcela da renda ou patrimônio que não é gasto ou consumido no período em que é recebido e, por consequência, é guardado com a expectativa de ser utilizado em um momento futuro.

A formiga trabalha para estocar mais comida do que precisa no presente para garantir que terá alimentos durante o inverno. Naquele cenário da história, a natureza ficava coberta de neve e a disponibilidade de alimentos diminuía drasticamente. Podemos dizer que a formiga trabalha e poupa a comida agora para ter o que comer durante o inverno.

A gente só vive uma vez

Voltando à história, vemos que o comportamento de ambas as protagonistas é praticamente oposto: durante todo o verão, a cigarra se divertia pelo bosque. Quando tinha fome, pegava uma folha e comia. Não se preocupava em trabalhar para poupar, pois estava pouco preocupada com o futuro. A formiga passava horas carregando pesadas cargas de alimentos e era desdenhada:

“Deixa esse trabalho para as outras, vamos nos divertir!”, dizia a cigarra.

“Não, minha cara cigarra, tenho que me preparar para o inverno. Se eu não poupar hoje, ficarei sem comida para o inverno e acabarei morrendo de fome”, respondia a formiga.

“Formiguinha, você precisa relaxar um pouco, aproveite o momento, a gente só vive uma vez! E afinal no longo prazo estaremos todos mortos“, a cigarra retrucava.

A formiguinha não resistiu e foi com a cigarra ver a vida que ela levava, e ficou encantada. Resolveu, então, adotar o mesmo estilo de vida que sua amiga; mas, no dia seguinte, apareceu a rainha do formigueiro e, ao vê-la se divertindo, olhou feio para ela e ordenou que voltasse ao trabalho.

A rainha das formigas disse então para a cigarra:

“Se não mudar de vida e passar a pensar não só no presente, quando chegar o inverno, você se arrependerá! Passará fome e frio, precisa começar a se preparar para o inverno”, sentenciou a rainha.

“Você se preocupa demais, o inverno ainda está longe”, ironizou a cigarra.

O longo prazo chegou

Contudo, o inverno chegou, e a cigarra começou a sentir muito frio. Sem abrigo, sem alimentos e desesperada, foi bater na casa das formigas. Ao ver a cigarra quase morta de frio, as formigas puxaram-na para dentro, deram agasalhos, alimentos e cuidaram dela. Foi então que apareceu a rainha das formigas e disse:

“No mundo das formigas, todos trabalham. Se você quiser ficar conosco, cumpra o seu dever: toque e cante para nós.”

Para a cigarra e para as formigas, aquele foi o inverno mais feliz das suas vidas.

Trabalho

O terceiro conceito econômico refere-se ao trabalho. Trabalho é um tipo de ação com a expectativa de produzir bens e serviços que satisfazem às necessidades. Por isso, o trabalho é fundamental para existir a poupança. A poupança permite que possamos passar por situações complicadas — como a que as formiguinhas e a cigarra passaram durante o inverno — e ela também pode ser usada até mesmo para fazer investimentos em bens de capital que irão permitir uma maior eficiência na alocação dos recursos escassos.

Conclusão

Mas qual a principal lição que a fábula “A cigarra e a formiga” nos ensina?

Ela ensina principalmente a importância de poupar. É importante perceber que o inverno impediu as formigas de trabalhar, mas elas ainda tinham alimentos para se sustentar. Como isso é possível? Como é possível que elas tenham alimento no inverno sem estarem trabalhando para consegui-lo? Simples: elas já haviam feito isso antes. Perceba: elas trabalharam não somente para conseguir o sustento do dia, mas para conseguir também o sustento do inverno. Somente dessa forma, foi possível ter o alimento no inverno sem precisar caminhar pela neve para consegui-lo: as formigas pouparem foi o que possibilitou tirarem uma folga e permanecerem abastecidas no inverno. Se hoje temos feriados, finais de semana, férias e aposentadorias, tudo isso só é possível porque seguimos o exemplo das formigas.

No final, cada uma das personagens focou no que faz de melhor: as formiguinhas continuaram pegando folhas e a cigarra agora trabalhava no que fazia de melhor, ou seja, cantava e tocava para as formigas.

*Gabriel Braga é Bacharel em Administração de Empresas e fundador da iniciativa Economia para Iniciantes.

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