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Como melhorar a expectativa de vida dos brasileiros?

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No Brasil, ser rico pode acrescentar duas décadas a mais de vida. De acordo com o Mapa da Desigualdade de 2018, um morador da região dos Jardins em São Paulo pode viver até 23 anos a mais que alguém que habita a Cidade Tiradentes, na Zona Leste da capital. Este não é um fenômeno único do Brasil. Os homens mais ricos dos Estados Unidos e do Reino Unido vivem até aproximadamente os 81 anos, enquanto suas contrapartes menos endinheiradas vão até algo como 72 ou 73.

Ao contrário da desigualdade de renda, transferir anos de vida dos ricos para os pobres não é uma opção viável. Para encontrar uma solução real, devemos saber o que impulsiona tal desigualdade. Poderia ser então um melhor acesso aos serviços de saúde? Bem, não necessariamente. Na cidade alemã de Hamburgo, por exemplo, a diferença de expectativa de vida entre os bairros mais ricos e os mais pobres é de 13 anos – apesar do acesso igual às mesmas instalações médicas.

De acordo com um estudo publicado pela American Journal of Preventive Medicine, há quatro grupos de fatores que tiveram um impacto significativo na expectativa de vida: fatores socioeconômicos, como desemprego, crime violento e falta de apoio social, explicam 47% das piores condições de saúde dos pobres. Embora as famílias instáveis ​​e o desemprego não matem as pessoas diretamente, elas estão relacionadas a problemas de saúde mental e condições desencadeadas pelo estresse, como doenças cardíacas.

Comportamentos prejudiciais à saúde, como alimentação inadequada, abuso de substâncias e atividade sexual de risco, explicam 34% das condições de saúde mais difíceis para os mais pobres. Os menores influenciadores notáveis ​​são os fatores ambientais, como poluição e acesso a instalações recreativas (3 por cento). A qualidade e o acesso ao atendimento médico explicam apenas 16 por cento da diferença.

Em outras palavras, mesmo que o Brasil tenha um SUS do mesmo nível dos países europeus, na melhor das hipóteses, um morador da Cidade Tiradentes ainda assim viveria 19 anos a menos que seu conterrâneo que mora no Itaim Bibi. Então, se melhorar o serviço público de saúde não é a solução mais eficaz, o que poderíamos fazer?

O combate à criminalidade fala por si e é algo em que não preciso me aprofundar muito. Com 60 mil homicídios por ano, há mais mortes violentas por aqui que EUA, Canadá, Europa (incluindo Rússia), Japão, China e Oceania juntos. Vale lembrar que durante a breve passagem de Sérgio Moro pelo MJSP, em 2019, todos os índices de criminalidade caíram, mas voltaram a subir em 2020, merecendo destaque os assassinatos que aumentaram 5%. E quem são as maiores vítimas? De acordo com o IPEA, jovens e de periferia (como na Cidade Tiradentes).

A educação é algo que podemos melhorar, e isto tem um impacto gigantesco na expectativa de vida. Os motivos são vários e, infelizmente, cobrirei apenas alguns neste texto. Para Trussell e Pebley et. al (1984) quanto mais educadas são as mulheres, menor a probabilidade de elas terem filhos na adolescência – o que é algo positivo, haja vista que a gestação nessa fase da vida cria problemas tanto para a mãe quanto para o bebê. De acordo com Cutler e Lleras-Muney (2010), quanto mais educação uma pessoa tem, maior a tendência de elas terem informações sobre prevenção e comportamento saudáveis. Isso pode ser facilmente visualizado se pegarmos o caso da AIDS: um indivíduo que abandonou a escola na quarta série dificilmente terá todas as informações sobre o vírus, ao contrário de quem tem curso superior.

Para finalizar, ressalto que o SUS é uma ferramenta importantíssima para a saúde nacional, mas está a anos-luz de ser a única. Melhorar a expectativa de vida dos brasileiros vai além de gritos de guerra juvenis como “Proteja o SUS”, sendo importante incorporar “proteja a população dos criminosos” e “proteja as crianças de professores incompetentes”.

*Artigo publicado originalmente por Conrado Abreu na página Liberalismo Brazuca no Facebook.

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