A verdadeira guerra

Print Friendly, PDF & Email

Existe uma razoável possibilidade de o dia 06 de abril de 2024 se tornar um marco histórico na geopolítica global. Após um tweet do dono do X (antigo Twitter), Elon Musk, questionando as decisões da justiça brasileira com relação às restrições da liberdade de expressão no país, especificamente sobre o banimento das redes sociais de alguns perfis de direita, a rede entrou em ebulição. O movimento que se iniciou mais cedo na semana, com o vazamento de comunicações entre a justiça brasileira e a rede social, ganhou ainda mais efervescência quando, em um comunicado algumas horas depois da pergunta feita por Elon Musk, o X avisou que estaria levantando todas as restrições de contas brasileiras que haviam sido silenciadas pelo ministro Alexandre de Moraes, por conta do chamado Inquérito do Fim do Mundo, ou Inquérito das Fake news. Apesar de os perfis seguirem silenciados no Brasil, o X enviou as comunicações com a justiça brasileira ao Congresso americano, mediante solicitação de um parlamentar.

Mas, afinal, o que está por trás desse movimento? Uma de minhas paixões é o espaço. Eu sou apaixonado por foguetes, espaçonaves e todo tipo de história que envolva a corrida espacial. Dessa forma, acompanho muito essa indústria que não trata apenas de viagens espaciais, mas sobre o domínio do espaço e sobre geopolítica.

Pela primeira vez na história, o espaço não é dominado por instituições controladas por governos. Hoje, o espaço é dominado por uma empresa privada chamada SpaceX. Essa empresa é capaz de lançar foguetes em escala industrial, a custos extremamente baixos em relação a seus concorrentes, e, pasmem: é hoje a única empresa americana capaz de levar e trazer astronautas para a Estação Espacial Internacional.

Mas não para por aí. A SpaceX também é proprietária de uma rede chamada Starlink, a “internet vinda dos céus”. Hoje são mais de 5500 satélites orbitando a Terra e provendo internet para quase todas as partes do mundo. Calma que tem mais! Como se captar internet através de uma antena, em qualquer parte do globo, já não fosse um avanço espetacular, agora a SpaceX está lançando satélites que têm a capacidade de enviar e receber informações diretamente para os celulares, sem a necessidade de uma antena, como é hoje. Em poucos anos, a internet estará ao alcance de qualquer celular, via satélites, de qualquer ponto da Terra. E vocês sabem de quem é essa empresa? Dele mesmo, Elon Musk, dono do X, antigo Twitter.

Em poucos anos, Elon Musk não precisará mais pedir a benção dos países para ter sua rede social funcionando. A internet virá do espaço, estará disponível em qualquer celular, sem nenhuma possibilidade de controle estatal. Regular as redes sociais através de leis será lembrado no futuro como algo ultrapassado e impossível de se conseguir.

E aí vem a pergunta essencial: como controlar essa rede de comunicação? Como controlar o espaço? Essa é a capacidade fundamental que sai do controle dos estados e passa para a mão de uma empresa privada. É isso que começamos a testemunhar no Brasil e em breve testemunharemos em escala planetária. Elon Musk é hoje mais poderoso do que a maioria dos países. Imaginem que ele é líder em uma área que possui players como Estados Unidos, Rússia e China!

A guerra que vivemos hoje não é mais a guerra por territórios terrestres. A verdadeira guerra é sobre informação, sobre controle das ideias e sobre o controle do espaço.

*Felipe Lucena de Oliveira é cirurgião dentista, vice -presidente de serviços da ACIC (Associação Comercial e  Industrial de Canela) e Diretor de Formação do IFL Gramado.

Faça uma doação para o Instituto Liberal. Realize um PIX com o valor que desejar. Você poderá copiar a chave PIX ou escanear o QR Code abaixo:

Copie a chave PIX do IL:

28.014.876/0001-06

Escaneie o QR Code abaixo:

Instituto Liberal

Instituto Liberal

O Instituto Liberal trabalha para promover a pesquisa, a produção e a divulgação de ideias, teorias e conceitos sobre as vantagens de uma sociedade baseada: no Estado de direito, no plano jurídico; na democracia representativa, no plano político; na economia de mercado, no plano econômico; na descentralização do poder, no plano administrativo.

Pular para o conteúdo