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A tolerância à ineficiência e a consultoria empresarial

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Consultoria empresarial se relaciona, de alguma maneira, com o processo psicanalítico. O consultor traz sua experiência empresarial e a bagagem de experiências em diversos campos a fim de iluminar e de oxigenar a visão de negócios de determinados executivos.

Muitas vezes, esses executivos verbalizam que estão dispostos a pensar sobre – e mudar – suas estratégias e práticas. No entanto, isso, de fato, não acontece.

Imagine, então, em empresas familiares, vivenciando processos de sucessão. Pior ainda.
Quem precisa de psicanálise é o próprio consultor. Nessas circunstâncias, resiliência e persistência são qualidades essenciais de um consultor.

Notadamente, as estratégias e as ações que executivos estão implementando – e faz tempo – não estão produzindo os resultados esperados. Apesar disso, eles dobram a aposta, aumentando o comprometimento com aquilo que não está, visivelmente, funcionando.

O “problema” é que há muita vida vivida, muitas histórias de sucesso no passado, muitos recursos envolvidos, muito tempo e esforços, que impedem e/ou inibem uma compulsória transformação.

Em minha conversa platônica, fico me perguntando: por que eles não conseguem enxergar aquilo que eu transparentemente vejo? Em um negócio que teve sucesso no passado – e os tempos mudam! – os líderes, muitas vezes, não conseguem e/ou não querem ver que é tentar o diferente e/ou morrer como um sapo fervido.

Especialmente para os fundadores, é muito mais doloroso. Há muitas questões emocionais em jogo. Notadamente o sentimento de aversão à perda é experienciado de forma aguda e os investimentos realizados no negócio – que necessita ser alterado – transformam-se num obstáculo difícil de ser vencido.

Os fundadores tomam decisões e fazem projeções, muitas vezes, vinculados a outros tempos, baseados em suas próprias experiências e perspectivas. Não conseguem escutar seus filhos “mais modernos” – aqui a revolução juvenil não acontece – e/ou os convencem de que o correto a realizar é o errado; não dará certo. Evidente que todos, inclusive o fundador, sucunbem à confiança elevada do criador.

Nesse contexto, a situação mais presente é o foco no curto prazo, perdendo-se de vista o estratégico longo prazo, e as correspondentes tendências fundamentais a serem observadas para se chegar vivo no futuro.

O que mais se vê são pequenas alterações operacionais – até mesmo maquiagens organizacionais – e escassez de tomada de decisões e apostas estratégicas racionais no médio e longo prazos. A cultura do fundador, que deve estar perfumando a organização, com seus valores e princípios virtuosos, por vezes, é contraproducente.

Não só os filhos, mas o pensamento do líder – similarmente ao pensamento de manada – se impõe sobre todos. A tentativa do novo, do estratégico, como, por exemplo, uma estratégia de nicho para um negócio, fica negligenciada em prol do “tradicional que não mais funciona”.

O fazer diferente, na busca do alcance de maiores e de melhores resultados, que agrega, objetivamente, um certo grau de risco e de incerteza, é suplantado pelo costumeiro, que, de forma clara, não produzirá os necessários e diferentes resultados satisfatórios.

Enfim, a vida dos sucessores e de seus executivos – como a do consultor – não é mole. Instala-se em uma organização um sistemático “batimento de cabeças” com aquilo que não funciona, pelo menos, como deveria funcionar. O famoso comportamento “beija a mão” segue reinando.

Confesso que fico batendo a minha própria cabeça, porém, sorte que, posteriormente, despejo minhas angústias e dúvidas em meu psiquiatra. Sou um perfil dominante…
Parece-me mesmo impressionante a tolerância que se tem com o “requentado” disfuncional. Não se pode alegar a mesma tolerância com a incerteza e os riscos de uma mudança “racional”, com distintas e novas estratégias e ações, que apresentam grandes possibilidades de prosperar e agregar valor aos resultados de mercado e, portanto, organizacionais.

Existe solução para essa moléstia organizacional?

Sim. Algumas, claramente. Vou puxar o assado para minha brasa. Ouça o seu consultor. Eles não estão afundados no Titanic do fundador, tampouco na falácia dos custos afundados, a que as empresas e seus fundadores insistem em se apegar, por vezes e literalmente, até a morte.
Contrate bons consultores e, com base em experiências bem e mal sucedidas, baseado em tendências, apostas racionais – e evidências -, escute-os. Tenha a coragem de acreditar no consultor e em suas recomendações. Vale a pena tentar.

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Alex Pipkin

Alex Pipkin

Doutor em Administração - Marketing pelo PPGA/UFRGS. Mestre em Administração - Marketing pelo PPGA/UFRGS Pós-graduado em Comércio Internacional pela FGV/RJ; em Marketing pela ESPM/SP; e em Gestão Empresarial pela PUC/RS. Bacharel em Comércio Exterior e Adm. de Empresas pela Unisinos/RS. Professor em nível de Graduação e Pós-Graduação em diversas universidades. Foi Gerente de Supply Chain da Dana para América do Sul. Foi Diretor de Supply Chain do Grupo Vipal. Conselheiro do Concex, Conselho de Comércio Exterior da FIERGS. Foi Vice-Presidente da FEDERASUL/RS. É sócio da AP Consultores Associados e atua como consultor de empresas. Autor de livros e artigos na área de gestão e negócios.

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