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A falácia da vidraça quebrada

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Hoje falarei sobre o que o economista F. Bastiat chamou de falácia da vidraça quebrada, que foi inicialmente introduzida por ele e posteriormente explicada novamente pelo economista Henry Hazlitt em seu livro Economia Numa Única Lição.

Vamos explicar a falácia da vidraça quebrada por meio de um exemplo: Pedro é dono de uma padaria e em sua padaria ele vende muitos pães, queijos, leite et cetera. Porém, um garoto muito arteiro chamado João atira uma pedra na janela da padaria de Pedro e depois sai correndo. Pedro fica muito irritado, mas não quer deixar sua padaria com uma janela quebrada, então contrata um vidraceiro para consertar sua janela. Esse vidraceiro irá receber por seu serviço e irá gastar seu dinheiro em outros locais – por exemplo, no mercadinho de Jonas. Jonas irá gastar o seu lucro com as vendas de produtos para o vidraceiro e assim por diante, ou seja, João quebrar a janela de Pedro fez a “roda” da economia girar.

Vendo por essa perspectiva, podemos chegar à conclusão de que João é um herói e sua atitude fez bem para a economia; mas tanto Bastiat como Hazlitt consideram essa conclusão uma falácia. Você consegue identificar o porquê?

O grande problema é que estamos esquecendo que a janela já existia ali e que João apenas a destruiu. A economia trata do problema da escassez, como já explicado em outro lugar. Observe que Pedro teve que gastar seu suado dinheiro no conserto de algo que já existia. Em outras palavras: recursos escassos foram desperdiçados, gastaram-se recursos para consertar algo que já estava ali. João não pode ser considerado um herói.

Para produzir algo, gastam-se recursos escassos. Ao produzir novamente um bem que foi destruído, estamos gastando recursos escassos simplesmente para retornar à situação inicial. A decisão de usar um recurso para reparar uma perda nos custa a oportunidade de usá-lo em outra coisa. Por exemplo, Pedro poderia ter comprado uma bolsa nova para sua filha Patrícia, fazendo a “roda” da economia girar, mas, nessa situação hipotética, não haveria destruição nem desperdício. Bastiat chamou isso de “O que se vê e o que não se vê”. Afinal, a janela nova e os produtos que o vidraceiro adquiriu podem ser vistos, enquanto é necessário usar a imaginação para “ver” o que se perdeu.

Você pode estar pensando que essa falácia não está presente em nossas vidas; mas não é incomum ver pessoas defendendo que “guerras fazem bem para a economia”. Entretanto, essa afirmação é falsa. Guerras causam sofrimento, destruição, recursos são desperdiçados, poupanças se vão e vidas são perdidas.

Realmente a reconstrução de um país pós-guerra ou o gasto com guerras irá gerar empregos, afinal vai ser necessário reconstruir o que foi destruído, vai ser necessário empregar soldados, produzir armas, equipamentos etc. Mas o que temos que perceber é que esses recursos poderiam ser usados em coisas novas que iriam gerar maior satisfação aos indivíduos. Antes de analisarmos uma política econômica, temos de nos lembrar da lição que Henry Hazlitt nos deixou:

“A arte da economia está em considerar não só os efeitos imediatos de qualquer ato ou política, mas, também, os mais remotos; está em descobrir as consequências dessa política, não somente para um único grupo, mas para todos eles.”

*Gabriel Braga é Bacharel em Administração de Empresas e fundador da iniciativa Economia para Iniciantes.

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