A contribuição da IA e a Escola Austríaca
A crescente aplicação da inteligência artificial (IA) na economia tem suscitado debates sobre seu impacto social e a possibilidade de agravamento da pobreza, bem como a criação de divisões digitais.
A incorporação da IA na economia impulsiona a transformação de setores e processos, o que pode gerar mudanças significativas no mercado de trabalho. É verdade que a automação impulsionada pela IA pode resultar na substituição de trabalhadores em ocupações que envolvem tarefas repetitivas e padronizadas. No entanto, é importante enfatizar a capacidade de adaptação do mercado e dos indivíduos em face dessas transformações.
Autores como Ludwig von Mises (em seu livro Ação Humana: Um Tratado de Economia) argumentam que a economia de mercado, guiada pela livre concorrência e pela propriedade privada, possui uma flexibilidade intrínseca para se ajustar a mudanças tecnológicas e reorganizar a alocação de recursos. A automação, impulsionada pela IA, pode resultar em uma redistribuição dos recursos produtivos e liberar mão de obra para outras ocupações em que as habilidades humanas sejam mais valorizadas.
A rápida evolução tecnológica demanda habilidades específicas para acompanhar as demandas da economia digital. É verdade que aqueles que não possuem acesso a recursos educacionais adequados podem enfrentar dificuldades em adquirir as competências exigidas pela IA, e podem ficar em desvantagem no mercado de trabalho. No entanto, a perspectiva liberal austríaca enfatiza a responsabilidade individual e a liberdade para buscar oportunidades de aprimoramento e adaptação.
No mesmo sentido, autores como Friedrich Hayek (em seu livro O Uso do Conhecimento na Sociedade) argumentam que é dever do Estado garantir um ambiente de livre concorrência e oportunidades igualitárias, mas a responsabilidade individual deve ser incentivada, para que cada indivíduo busque seu próprio desenvolvimento. Dessa forma, é fundamental promover políticas que favoreçam a educação e a capacitação, e garantir o acesso a oportunidades de aprendizado ao maior número possível de pessoas. Assim, a inclusão digital pode ser alcançada por meio do fortalecimento da liberdade de escolha e da responsabilidade individual.
A aplicação da IA na economia digital tem o potencial de gerar transformações significativas. Deve ser mantida a flexibilidade da economia de mercado para se adaptar a essas mudanças e realocar recursos produtivos. Embora a automação possa deslocar certos trabalhadores, a capacidade dos indivíduos de se adaptarem e de buscarem novas oportunidades não só supera tal dificuldade, mas também é capaz de criar a melhor solução para tal desafio.
É fundamental enfatizar a responsabilidade individual e a liberdade de escolha, e incentivar cada indivíduo a buscar seu próprio desenvolvimento e adaptar-se às demandas da economia digital. Dessa forma, é possível que os indivíduos superem as dificuldades que possam existir no acesso aos recursos provenientes da IA e, assim, torná-la uma aliada no combate à pobreza e na promoção do progresso econômico.
*Leonard Batista – Associado III do Instituto Líderes do Amanhã.