E por falar de goleadas…
Embora a surra aplicada pela Alemanha no time brasileiro seja daquelas coisas sem maiores conseqüências – a não ser o orgulho ferido de muitos – e cuja cura talvez não leve mais de uma semana, a imprensa tupiniquim não poupou nas manchetes. O jornal O Globo, por exemplo, estampou em sua primeira página, em letras garrafais que ocupavam meia página, o seguinte:
Vexame
Vergonha
Humilhação
Trata-se, evidentemente, de um exagero. Eu, particularmente, não me sinto nem um pouco vexado, envergonhado ou humilhado pela derrota da seleção, assim como não me sentiria orgulhoso se o time vencesse, pelo simples motivo de que não jogo. Mas sou obrigado a admitir que essa cobrança feroz sobre o desempenho do futebol brasileiro talvez seja um dos fatores responsáveis pelo país haver se tornado, com o passar dos anos, um dos melhores do mundo nesse esporte.
Portanto, aproveitando o ensejo, sugiro que, de agora em diante, nossa brava mídia e a população em geral passem a cobrar, com a mesma ênfase, outros resultados, em outras esferas de atividade, essas sim importantíssimas para que a sociedade brasileira atinja o primeiro mundo e possa desfrutar de um bem estar verdadeiro e duradouro.
Para ajudar, listo abaixo alguns resultados humilhantes, algumas goleadas espetaculares que levamos diariamente dos alemães (e de muitos outros países), em atividades muito mais importantes que o futebol, mas que não costumam despertar qualquer indignação, não só da mídia, como das pessoas em geral:
Atividade Ranking Brasil Ranking Alemanha
Resultado PISA (Matemática) 57/64 16/64
Resultado PISA (Leitura) 56/64 19/64
Resultado PISA (Ciências) 58/64 12/64
IDH (Indice de Desenv. Humano) 85/186 5/186
Competitividade Global 56/148 4/148
Percepção da Corrupção 72/175 12/175
Ambiente de Negócios 116/189 21/189
Liberdade econômica 114/178 18/178
Liberdade de Imprensa 108/179 17/189
Qualidade da Infraestrutura 84/139 9/139
Índice de violência (Global Peace) 91/162 17/162
E então, mãos à obra?
Aos dados do autor do artigo, acrescentaria ainda o Índice de Democracia, da The Economist. Alemanha em 14/167, classificada como democracia plena, Brasil em 45/167, Democracia Imperfeita.