Dois sistemas, dois legados

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ak47

Morreu pouco antes do natal, aos 94 anos, o russo Mikhail Kalashnikov, inventor daquele que talvez seja o maior legado do império soviético para a humanidade: o fuzil de assalto AK-47 – um artefato automático que, de forma indelével, associou seu nome à guerra moderna e tornou-se uma das armas mais abundantes já produzidas no planeta.  Sua importância era tamanha a ponto de se tornar símbolo de veneração em alguns países.

Quando conheci o ministro de defesa de Moçambique“, contou Kalashnikov a Robert Fisk, do Independent, “ele me presenteou com a bandeira nacional do seu país, que carrega a imagem de uma sub-metralhadora Kalashnikov.  E ele me disse que quando os soldados de libertação voltaram para casa em suas aldeias, muitos deles deram a seus filhos o nome de ‘Kalash’. Acho isso uma honra, não só um sucesso militar. É um sucesso na vida quando as pessoas são nomeadas depois de mim, depois de Mikhail Kalashnikov.” (Além da República de Moçambique, o grupo libanês Hezbollah também incorporou um AK-47 em sua bandeira amarela e verde).

Exceto os fuzis AK-47, os caças MIG e alguns outros artefatos bélicos, é difícil lembrar de quaisquer outros legados do sistema soviético para a humanidade.  Não que os comunistas não tivessem fabricado muitas coisas durante os mais de setenta anos do século XX em que se mantiveram no poder, mas sua economia planificada deixava o consumidor em segundo plano e produzia apenas aquilo que o governo determinava.  Em resumo: sem os mecanismos de preços e lucros, não havia incentivos ao empreendedorismo e à inovação.

Enquanto isso, no mesmo período, de 1917 a 1989, o mundo capitalista deixou um legado inestimável para a humanidade, com produtos e tecnologias que transformaram o mundo num lugar muito melhor para se viver.  Desde o zipper, até a TV de alta definição (HDTV), passando pela torradeira, o band-aid, a insulina, o cinema 3D, os sinais de trânsito (semáforos), a comida congelada, as caixas de som, os relógios a quartz, o aerosol, a penicilina, o barbeador elétrico, a fita adesiva, o neoprene, o computador analógico, o motor a jato, o microscópio eletrônico, a máquina fotográfica polaroide, as lentes zoom, o parquímetro, o rádio telescópio, a frequência modulada (FM), as gravações estereofônicas, as fitas magnéticas de gravação, o nylon, o radar, as latinhas de cerveja,  a fotocopiadora, a caneta esferográfica, o teflon, o nescafe, os motores turbo, o helicóptero, a tecnicolor, o software, a borracha sintética, o aqualung, a máquina de diálise, a cortisona, o forno de microondas, os telefones móveis, o transistor, o velcro, o cartão de crédito, o videotape, o código de barras, os refrigerantes diet, os pneus radiais, a pílula anticoncepcional, a célula solar, a fibra ótica, o hovercraft, o laser, o circuito integrado, o micro chip, a fita cassete, o videogame, a tinta acrílica, as lentes gelatinosas,  o kevlar, a injeção eletrônica de combustível, o mouse, a tela de LCD, o videocassete (VCR), a impressora a laser, a impressora a jato de tinta, a imagem por ressonância magnética, a planilha eletrônica, o coração artificial, a vacina contra hepatite B, o sistema MS-DOS, o computador pessoal, o sistema Windows, o super-condutor de alta temperatura, a pele sintética, o telefone celular digital, o sistema de radar doppler e muito mais.

E ainda tem gente que prefere o comunismo ao capitalismo.  A única explicação que encontro para isso é que o ser humano pode ser, muitas vezes, um tipinho bem bizarro e extravagante.

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João Luiz Mauad

João Luiz Mauad

João Luiz Mauad é administrador de empresas formado pela FGV-RJ, profissional liberal (consultor de empresas) e diretor do Instituto Liberal. Escreve para vários periódicos como os jornais O Globo, Zero Hora e Gazeta do Povo.

Um comentário em “Dois sistemas, dois legados

  • Avatar
    27/12/2013 em 9:00 pm
    Permalink

    Ele levou a fama por apenas copiar e “modificar” (colocando o seu nome) na sturmgewehr alemã. Nem isso eles foram capazes de criar.

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