Dissociação de raça e sociedade de castas
BERNARDO SANTORO*
Hoje eu vi mais uma vez, na prática, como as pessoas estão ficando mal da cabeça com essa “consciência de raça” artificial que o esquerdismo brasileiro está criando.
Mais cedo, na aula do mestrado, um senhor, por volta dos 40 anos e JUIZ DE DIREITO, interrompeu a aula para fazer um discurso a favor das cotas, sendo que o assunto tratado na aula nada tinha a ver com isso. Falou que todos os argumentos contra cotas seriam falaciosos e o quanto o negro era oprimido. O papo típico do defensor de cotas e até aí eu apenas discordava democraticamente dele.
Eis que, não mais que de repente, ocorre o seguinte diálogo entre o aluno e o professor:
Aluno: “por isso que nós temos que nos defender”
Professor: “nós quem?”
Aluno: “nós, os negros, afinal, nessa sala só tem eu de negro”
Professor: “mas você não é negro”
Era possível contar pelo menos umas 15 pessoas com a pele mais escura que a dele, incluindo este narrador.
Agora vamos ao arcabouço teórico por trás desse problema. A “consciência de classe” seria, segundo Marx, o despertar de um segmento social para fins de mobilização violenta com o intuito de tomar de volta certos direitos que supostamente teriam lhe sido negados ou subtraídos.
A criação de consciências artificiais de classe, no Brasil, nunca esteve tão operante. Brancos X negros, índios X brancos, patrão x empregado, ricos x pobres, homossexuais X heterossexuais, religiosos x ateus, e assim sucessivamente, sempre no intuito de controle político desses subgrupos, garantindo assim aos esquerdistas a perpetuação no poder e escopos de favorecimento pessoal e de classe.
A impressão que eu tenho é que as pessoas, já não vendo muita perspectiva de viver em um estado onde a isonomia prevaleça e onde todos sejam tratados de maneira igual perante a lei, estão desesperadamente buscando identidades sociais que possam defendê-las de serem excluídas.
Destaco que o problema dos dalits indianos nunca foi pertencerem a um casta baixa, mas sim não pertencerem a casta nenhuma. É a falta de casta que os fizeram ser “intocáveis” e perdidos em um opressor sistema político de compadrio.
Estamos virando uma sociedade de castas em que vale até a dissociação da sua própria cor de pele para se ter um lugar ao sol. E que seja um sol de meio-dia, no Rio de Janeiro, para bronzear BEM a pele.
*DIRETOR DO INSTITUTO LIBERAL