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Deflação? Há razão para euforia?

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[DO LIVRO ‘EDITORIAIS – OG LEME’] *

A chamada “grande imprensa” do Rio e de São Paulo destacou em suas manchetes de primeira página, das edições de meados de setembro, que estaria havendo “deflação” na economia brasileira, pois os preços estariam recuando. Trata-se de grosseiro erro, de uma confusão entre causas e efeitos. Desaceleração do processo de elevação de preços ou queda esporádica do índice geral de preços não significa necessariamente deflação. 

Deflação, na realidade, é uma contração do estoque monetário e a recíproca de inflação, isto é, da expansão dos meios de pagamentos. A primeira significa diminuição da liquidez nacional, ao passo que sua recíproca equivale a um aumento dessa mesma liquidez.

Dado que existe uma relação positiva entre quantidade de dinheiro em circulação e nível geral de preços, é razoável prever-se uma elevação geral de preços quando se expande o meio circulante, e uma queda de preços quando a liquidez diminui. Essa relação existe, mas não é instantânea: há um intervalo, um hiato temporal de alguns meses entre as variações da oferta monetária e as respostas por parte dos preços, isto é, os preços reagem com atrasos de cinco a seis meses às variações da quantidade de dinheiro à disposição do público.

Está havendo desaceleração dos preços? A resposta é positiva, com base nos índices nacionalmente aceitos como termômetros do comportamento da média dos preços. Mas essa constatação coincide com outra que caminha em direção oposta: a constatação de que os meios de pagamentos estão atualmente sendo ampliados. Não só está sendo expandida a oferta monetária como continuam sem freios os gastos públicos.

A atual expansão dos meios de pagamentos e dos gastos públicos, isto é, a atual inflação, vai gerar aumentos de preços no futuro, em fevereiro ou março, da mesma maneira que a atual desaceleração da elevação dos preços é consequência da contração monetária do segundo trimestre deste ano. Se haverá ou não um repique de preços no primeiro trimestre do próximo ano, depende das medidas que o governo tomar ou deixar de tomar.

Que medidas são essas? Todas elas têm a ver com a reformulação do tamanho do setor público, com privatização e desregulamentação do mercado, com cortes de gastos públicos, com melhor administração dos gastos oficiais nos setores de saúde e educação, com descentralização, com equilíbrio das contas públicas e uma corajosa reforma tributária. Nenhuma dessas coisas está sendo feita na velocidade necessária e, se continuar assim, poderemos colher como resultado o revigoramento da inflação no primeiro trimestre do ano vindouro. E aí, sim, haverá inflação genuína, em lugar da mal diagnosticada deflação atual.

*EDITADO PELO INSTITUTO LIBERAL. P. 121-122. Texto publicado originalmente no IL Notícias nº 46, Setembro 1995, boletim mensal impresso, produzido por Og Leme.
Editoriais – Og Leme” é uma coletânea de editoriais publicados no IL Notícias no período 1991 – 1997. A organização do livro é de Arthur Chagas Diniz, presidente do Instituto Liberal.

imagem cedida pela família

N. E.: Homenagem a Og Leme que teria aniversariado neste quatro de agosto. O livro pode ser adquirido no IL. Veja em Lançamentos.

 

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