Corra: a vida imita a arte
Por razões que nem a vã filosofia explica, ultimamente, não tenha me relacionado com a Netflix.
Mas os caridosos não precisam temer a meu respeito. Assim como a vida, eu ando mal, pois odeio terror, e como ele está entre nós, e estou bem, eu idolatro o amor. Diga-se de passagem, o amor genuíno, não o amor dessa burlesca turma do amor.
Não aprecio filmes de terror, porém gostei do filme Corra!, do badalado Jordan Peele. Faz um tempo que assisti.
Corra! é, sinteticamente, uma crítica social da realidade, especialmente, do racismo. Bem no estilo “da hora” dos últimos tempos, tem uma pegada bem “progressista”.
Na película, há uma passagem em que os brancos “descolados” – se pudessem -, afirmam que votariam mais vezes no ex-presidente, não ex-presidiário, Obama.
O protagonismo no filme, evidentemente, é de um personagem negro, que graças a Deus, tem um final feliz.
O terror, os comportamentos, as atitudes e ações em relação ao negro são surreais, embora misturadas com toques bem legais de comicidade.
Não vou adentrar a problemática do racismo, mas categoricamente não sou racista – nem precisaria dizer -, e não creio e não gosto do tal “racismo estrutural”. Aqui no Brasil, não.
Assisti determinadas cenas perplexo, não aceitando o que estava vendo, tal qual uma ficção, algo impossível de se materializar na vida real “vivida”. Terror e pânico.
Esse estranhamento tem tomado conta da minha mente, nesse nosso paiseco da grotesca falha ético-moral, da hipocrisia e da ditadura da toga.
É bizarro o que leio, vejo e escuto quanto a “vitória eleitoral” do maior vigário de todos os tempos, no Brasil e, quiçá, no mundo. Sem dúvida, somos motivo de chacota mundial, até mesmo em Portugal (risos).
Meus Deus, os personagens desse enredo petista, que retornam, à equipe de destruição, as ideias e os planos bolivarianos, a cegueira da seita ideológica vermelha, a incompetência à flor da pele, os já transparentes sinais do “capitalismo para nós, pão e circo para eles”, enfim, um digno terror hollywoodiano.
Manjam aquele roteiro da tragédia anunciada?
Porém, nada supera o encontro dele com os seus amigos da suprema e apequenada corte. Sim, aquele encontro caridoso, com direito a tapinhas na cara, jamais se retirará da minha retina, foi lindo!
A realidade imita a ficção, é surreal. Até esse momento, uma devastadora realidade que os brasileiros, compulsoriamente, terão que sofrer.
Vêm-me à cabeça uma ocasião em que eu estava em Caracas, e que liguei a televisão no hotel. Havia um homem falando na tela. Juro que achei que era um programa humorístico, errei. Era Hugo Chávez discursando.
Inacreditável! Tenho certeza de que esse sentimento ficcional, turvo, nauseabundo, não é exclusivamente meu.
Tenho vontade de sair correndo, e rápido, sei lá, pelos aeroportos, mas não posso…
Como no aclamado filme de Peele, desejo correr, fugir, esconder-me.
No filme Corra!, o protagonista, felizmente, conseguiu escapar com vida.
Por nossas bandas, com a turma do “ódio do bem”, com o espanto e com a escuridão que estou vendo a olhos nus – além do objetivo retrospecto petista -, sinto informar que não teremos para onde correr!
Juro, a sensação ficcional que tenho do Brasil do agora, excede a comoção que vivi assistindo Corra! Terror e pânico em verde-amarelo.