Big Brother estende seus tentáculos na terra de George Orwell
JOÃO LUIZ MAUAD *
O primeiro ministro conservador, David Cameron, anunciou que as residências do Reino Unido terão o acesso à pornografia bloqueado pelos respectivos provedores de internet, a menos que, formalmente, escolham liberá-lo. Segundo o PM, a decisão não é moralista ou alarmista, mas foi tomada porque ele sente que é preciso proteger as crianças do país e sua inocência.
Embora ninguém esteja formalmente proibido de assistir pornografia, o simples fato de o cidadão precisar pedir formalmente o “desbloqueio” de sua programação, deixando seu nome gravado numa lista de usuários disponível aos olhos do estado, é ultrajante. É sempre bom lembrar que existem mecanismos eficazes para bloquear o conteúdo pornográfico, disponível para qualquer usuário/família que assim deseje.
Nenhuma pessoa decente se oporia aos esforços para eliminar a pornografia infantil, o abuso de crianças e a pedofilia, mas usar tais crimes como desculpa para “filtrar” o acesso de pessoas adultas à pornografia em todo o território do Reino Unido é absurdo. É como tentar estabelecer uma relação de causalidade entre violência e filmes violentos. Já imaginaram se o governo brasileiro decidisse que a melhor forma de combater a criminalidade por aqui fosse “filtrar” a exibição de películas violentas na TV ou na internet?
Ademais, no estado-babá de Mr. Cameron, todos os cidadãos, exceto os ungidos que trabalham para o governo, são incapazes de autocontrole. Na verdade, ele não acredita que os pais sejam capazes de ensinar a seus filhos o que é certo e errado. Ao contrário, acredita que precisamos do “Grande Irmão” para proteger-nos de nós mesmos, bem como para absolver os pais da responsabilidade paterna.
Lamentável!
* ADMINISTRADOR DE EMPRESAS