Aula grátis sobre liberdade

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Numa recente publicação nas redes sociais, o fundador do Partido Novo reafirma a importância da quarentena mostrando o caso da Suécia, que não adotou o sistema, mas que teve quase tantas mortes por covid-19 quanto outros países que o adotaram. João Amoêdo, que se diz defensor das ideias liberais, ainda destacou que o país não teve “ganhos econômicos”.

Vamos lá…

Liberais têm a consciência de que todas as normas gerais são injustas porque cada pessoa vive uma realidade particular.

Quando um governo determina uma quarentena sob a justificativa de preservar o bem-estar da população, ele está tratando a sociedade como uma massa homogênea, um imenso rebanho, prejulgando cada indivíduo como incapaz de discernir sobre o mundo ao redor. Está destruindo a autonomia e a responsabilidade individual. Está ignorando tanto a “mão invisível” de Adam Smith quanto a “ação humana” de Ludwig von Mises, teorias liberais fundamentadas na análise do comportamento humano que mostram que a grande maioria das pessoas toma decisões inteligentes e o conjunto dessas decisões gera benefícios sociais e econômicos.

Quando um governo proíbe o funcionamento de diversos setores da economia por causa de uma epidemia, ele retira das pessoas e das empresas a liberdade de cada uma criar formas de lidar com a situação.

Ninguém quer pegar o vírus ou ter um familiar morto por ele; mas também não há ninguém que queira perder o emprego ou a renda ou o ter negócio destruído. Esses temores fariam com que cada pessoa ajustasse seu comportamento. Espontaneamente, novos procedimentos de atendimento seriam desenvolvidos no comércio e nas empresas. Consumidores avaliariam a segurança de cada lugar. Isso geraria uma concorrência pela confiança dos consumidores, forçando cada empresa a criar ambientes de convivência cada vez mais seguros contra o vírus.

As pessoas espontaneamente mudariam seus hábitos sociais para evitar a doença. Uma semana antes da decretação da quarentena, as ruas já estavam vazias porque as pessoas, por si mesmas, começaram a discernir sobre a situação. As pessoas continuam livres para ir ao supermercado, mas o número de frequentadores destes locais caiu drasticamente simplesmente porque elas alteram seus hábitos voluntariamente.

No entanto, o estado concentrou todas as decisões em seus gabinetes políticos, que impuseram medidas não apenas autoritárias, mas burras e irresponsáveis, afetando negativamente a vida de dezenas de milhões de pessoas sob a infame justificativa de “salvar vidas”. Em vez de utilizar sua máquina e seus recursos para informar corretamente a população sobre a epidemia, distribuindo kits de proteção aos mais pobres e estimulando a responsabilidade individual, o estado optou por cercear algumas liberdades fundamentais da população.

A crença de que o estado deve fazer qualquer coisa, custe o que custar, para se promover o bem-estar social sustentou regimes como os de Lênin, Stalin, Hitler, Pol Pot, Fidel Castro, Mao tse Tung, dentre outros.

Sacrificar a liberdade, o trabalho e até a vida de uns a fim de proteger a vida de outros é um argumento tirânico, rejeitado por qualquer liberal que se preze.

O governo da Suécia respeitou os direitos individuais, a base de qualquer sociedade livre e desenvolvida. Seguiu o exemplo do Japão, da Coreia do Sul e de Taiwan.

Já morreram cerca de 3.5 mil suecos devido a epidemia. Uma tragédia. É de se lamentar cada morte por covid-19 e também por dengue, meningite, hepatite, aids, câncer, diabete, derrame, infarto, afogamento, acidente de trânsito, acidente doméstico e violência urbana etc.  O que não se pode, sob nenhum argumento, é tirar das pessoas a decisão sobre como agir diante das ameaças a suas vidas.

Mesmo que tivessem morrido dez vezes mais pessoas por covid-19, nenhum governo tem o direito de concentrar em si mesmo as decisões que pertencem aos indivíduos. Cabe a cada brasileiro calcular se sua vida está mais ameaçada pelo vírus ou pelos problemas decorrentes da perda de trabalho. Se o estado se coloca como provedor da assistência médica à maior parte da população, que ele dê conta de todos os pacientes em seus hospitais, sem criar justificativas cretinas para diluir a demanda.

Liberais dão ênfase a liberdade econômica por entender que apenas por meio dela as pessoas se tornam independentes, portanto, com condições de suprir suas necessidades e de ajudar outras pessoas. A decretação da quarentena tirou isso de dezenas de milhões de pessoas, que passaram a depender do auxílio do governo. Milhões de famílias que utilizavam serviços privados de educação e de saúde agora terão que se submeter aos péssimos sistemas estatais. Milhares de instituições de caridade perderam doadores.

Liberais também sabem que toda medida provisória do estado tende a se tornar permanente ou, no mínimo, abrir precedente para outras. Isso significa que o cerceamento da liberdade hoje nos aproxima de um futuro em que isso se torne frequente e, nas gerações seguintes, natural. As absurdas arbitrariedades contra cidadãos e empresas que hoje estão sendo promovidas dispersamente pelo Brasil podem acabar se tornando praxe.

Dizer que os suecos não tiveram “ganhos econômicos” ao não adotar a quarentena significa dizer que a liberdade só deve ser respeitada se for para atingir alguma meta.

O verdadeiro liberal nunca defenderia isso porque, dessa forma, estaria defendendo a possibilidade de uma pessoa escravizar outra, desde que ofereça um “ganho”; ou, numa escala maior, que um governo possa escravizar uma população, como em Cuba, onde os cidadãos não têm liberdade, mas têm escolas, assistência médica, comida e moradia garantida pelo estado.

Aos que apoiam a quarentena por ingenuidade, um aviso: quem defende a ideia de que o estado deve cercear a liberdade das pessoas em algumas situações deve estar preparado para ter sua própria liberdade cerceada em muitas outras, sob os mais diferentes argumentos.

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João Cesar de Melo

João Cesar de Melo

É militante liberal/conservador com consciência libertária.

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