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As duas Alemanhas da Chanceler

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LIGIA FILGUEIRAS*

A chanceler alemã Angela Merkel nasceu em Hamburgo, Alemanha, em 1954. Alemanha Ocidental do pós-guerra. Filha de pastor luterano, ainda recém-nascida mudou-se com o pai para a Alemanha Oriental, quando a ele foi destinada a paróquia da pequena cidade de Templin, onde Angela cresceu. Ela viveu na Alemanha Oriental até à queda do Muro de Berlim em 1989.[1]

O ambiente em que Angela viveu era região de campo, 80 quilômetros ao norte de Berlim. Por alguma razão, contrariando a “ordem natural” do regime, o pai de Angela Merkel viajava com frequência de uma Alemanha para a outra, e tinha dois carros. Tamanha liberdade e “poder aquisitivo” eram praticamente impossíveis ao cidadão comum à época. O que leva a crer, como sugere Gerd Langguth, ex membro do partido de Merkel, União Democrática Cristã, em seu livro[2] sobre a chanceler, que o pai de Angela Merkel tinha relações “de simpatia” com o regime comunista.

Como a maioria dos jovens na Alemanha Oriental, Angela fez parte do movimento socialista Juventude Alemã Livre (Free German Youth). Como todo jovem do Leste alemão, ao chegar à maioridade deveria participar de uma cerimônia típica de rito de passagem denominada Jugendweihe, muito comum na Alemanha Oriental. Essa cerimônia substituía os tradicionais ritos de passagem religiosos, propositalmente esvaziada de todo conteúdo religioso, por recomendação de Moscou. Angela não participou. Ao invés disso, recebeu o sacramento da Confirmação (ou Crisma, entre os católicos). Depois da queda do Muro de Berlim, Angela Merkel, química por formação, pesquisadora, Doutora em Ciência, envolve-se com a política, participando do crescente movimento para a democracia. Ingressa no partido Despertar Democrático e é eleita na única eleição da antiga Alemanha Oriental. Tornou-se porta-voz do novo governo interino pré-unificação.

Que país era esse que Angela representava? As novas gerações não fazem ideia do contraste entre as duas Alemanhas. O mesmo país, mesmo povo, mesma história, mesmo estágio cultural, acabada a guerra vê-se dividido e incomunicável. Quem estava no Ocidente não podia visitar os parentes no lado Oriental (setor soviético). Quem estava no Leste não podia passar para o outro lado (setores dos aliados EUA, Inglaterra e França). Quem ousasse passar a divisa era metralhado. Em Berlim, o Muro da Vergonha era o marco.

O fotógrafo Stefan Koppelkamm visitou a Alemanha Oriental logo após a queda do Muro de Berlim e registrou o momento (1991). Dez anos depois, voltou aos mesmos lugares e tornou a fotografá-los. O resultado foi publicado pela revista Spiegel Online.

Veja a sequência de fotos: [clique aqui]

 

* JORNALISTA, Editora do IL

Fonte das imagens: Wikipédia


[1]  Fonte: Wikipédia em português e em inglês.

[2] Langguth, Gerd (August 2005) [2005] (in German). Angela Merkel. Munich: dtv. ISBN 3-423-24485-2.

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