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Apegado ao fracasso

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RODRIGO CONSTANTINO *

Em sua coluna na Folha esta segunda-feira, Luiz Carlos Bresser-Pereira demonstra como é difícil para alguns abandonar planos de vôo equivocados, deixar de lado as velhas ideologias que nunca foram capazes de entregar bons resultados. Logo no começo, o economista elogia a reação da presidente diante dos desafios impostos pelo cenário ruim, criado pelo próprio governo:

Diante desse quadro, a presidente reagiu bem. Entre outras medidas, propôs um plebiscito para saber se o povo quer que o financiamento de campanhas eleitorais seja público ou privado e se quer manter o voto proporcional ou mudá-lo para distrital ou misto. Essa é uma resposta direta ao centro das manifestações populares.

O plebiscito, que já foi até enterrado pelo Congresso, não pode ser visto, de forma alguma, como uma boa resposta às ruas. Trata-se de um projeto que o PT já tinha faz tempo, para começo de conversa. Além disso, é o mecanismo errado para responder às demandas do povo. Em momento algum os protestos levantaram essa bandeira, ou algo como financiamento público de campanha. 

De onde Bresser-Pereira tirou que essa resposta vai direto ao centro das manifestações é um mistério. Mas ele vai além, e aplaude a tentativa de uma Constituinte específica, proposta ainda mais sem sentido, que foi enterrada 24 horas após ser aventada pela presidente. Bresser diz:

Uma assembleia constituinte convocada exclusivamente para emendar a Constituição nessas questões é uma boa iniciativa. Há muito são discutidas pelos políticos, mas eles não se mostram capazes de respondê-las. Não é surpreendente que os conservadores e os políticos a tenham rejeitado. Para os conservadores é uma ameaça à sua capacidade de “comprar” os políticos ao financiá-los, para os políticos, uma mudança no jogo eleitoral que poderá afetá-los.


Eis algo que precisa ser esclarecido de uma vez nesse país: o que se entende por conservador. Na boca da esquerda, isso é sempre sinônimo de atraso, retrocesso, mamata, patrimonialismo, enfim, coisas que costumam proliferar em governos da própria esquerda. Pensar em Edmund Burke e o conservadorismo britânico, ou mesmo em Joaquim Nabuco no Brasil, isso é algo que jamais passa pela cabeça de quem usa o termo com tanto desdém. 

Mas é quando fala de economia mesmo que o economista mais erra. Ele diz:

Esses resultados não poderiam ser diferentes, dado o fato de que herdou uma taxa de câmbio altamente sobreapreciada, incompatível com a retomada do crescimento.
No primeiro ano de governo, a presidente tentou enfrentar esse problema, mas de maneira insuficiente. Levou a taxa de câmbio de R$ 1,65 para R$ 2,00 por dólar, quando a taxa de câmbio “necessária” (aquela que garante competitividade para as empresas industriais competentes) é cerca de R$ 2,75 por dólar.


Nada mais longe da verdade! Os resultados poderiam ser absolutamente diferentes, não tivesse o governo abraçado uma doutrina nacional-desenvolvimentista que, por acaso, é justamente aquela defendida pelo próprio Bresser-Pereira. Essa obsessão com a taxa de câmbio, que deve ser sempre desvalorizada pela ótica dele, mostra um forte apego aos ideais da Cepal, que nunca entregaram resultados satisfatórios. 

Desvalorizar o câmbio artificialmente para ganhar “competitividade” é a receita certa da desgraça. Não é possível burlar a ineficiência estrutural que constitui nosso “Custo Brasil” com essa malandragem. Isso produz apenas inflação ao longo do tempo. Espanta o fato de que tantos economistas da “velha guarda” ainda não tenham aprendido essa lição. Insistem no erro, e ainda desfrutam de eco, de espaço na imprensa, apesar de seu histórico de equívocos. Assim fica difícil prosperar…
* PRESIDENTE DO INSTITUTO LIBERAL

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