Absurdo do dia: se não era mentira, será pior
A repactuação da dívida dos estados e municípios foi feita durante a campanha eleitoral, e seria até normal que a presidente tivesse prometido o que não poderia fazer. Eleita, porém, poderia simplesmente não sancionar o projeto, afirmando que os tempos eram outros. Seria estelionato eleitoral, mais um, mas teria nexo.
Do jeito que foi feito, parece que somente quando o novo ministro da Fazenda, Joaquim Levy, chegou ao governo é que os desmandos foram identificados. Nesse caso, a situação é mais grave do que parece.
Se for verdade, Dilma estava convencida, até a chegada de Levy, de que a renegociação da dívida era perfeitamente possível, e que outras medidas que hoje o seu novo governo renega estavam certas.
Quando ela diz que fez tudo certo no primeiro mandato, não estaria mentindo, mas reafirmando convicções . Nesse caso, a continuação no cargo é um perigo potencial de repetição dos mesmos erros caso um dia a economia se recupere ainda em sua gestão.
Trecho de “Governo sem rumo“, Merval Pereira, O Globo, 26.03.2015, p. 4, enviado por H. E. Marques. Grifo do remetente.