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A visão de Papa Francisco sobre o livre mercado

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O papa Francisco é conhecido por suas posições de esquerda. Em outubro do ano passado, Sua Santidade criticou o neoliberalismo. Em 2018, foi a vez do capitalismo. Em 2019, ele defendeu o papel do sindicalismo para enfrentar as desigualdades (possivelmente ele não conhece os sindicatos que defendem o funcionalismo público no Brasil, mas não vem ao caso no momento). A última bobagem dita pelo Santo Padre foi recentemente no Dia Mundial da Alimentação, quando culpou os mercados e o capitalismo pela persistência da fome no mundo.

“O combate à fome exige que superemos a lógica fria do mercado, avidamente focado no mero lucro econômico e na redução dos alimentos a uma mercadoria, fortalecendo a lógica da solidariedade”, escreveu o sucessor de São Pedro naquele hospício chamado Twitter. No mesmo dia (16/10), o argentino suplicou aos “grupos financeiros e aos organismos internacionais de crédito” que (…) “perdoem aquelas dívidas que contraíram muitas vezes contra os interesses daqueles mesmos povos”, — pedido perfeitamente compreensível haja vista sua nacionalidade. Outro tweet digno de nota é quando ele culpa ​​”as grandes empresas de alimentos (…) de impor estruturas de monopólio de produção e distribuição que inflacionam os preços e acabam por impedir o pão ao faminto.”

Obviamente tudo que ele diz não faz o menor sentido. Se alguém me mostrasse essas frases e me pedissem para chutar o autor, eu diria que saiu de algum eleitor do PSOL 50 ou do DA de alguma faculdade de humanas das UFs. Nas palavras do Papa Francisco, a “lógica fria do mercado” é a principal barreira para eliminar a fome no mundo, mas esse argumento revela uma péssima compreensão de como os mercados operam e como as conquistas anteriores na redução da pobreza global foram alcançadas.

Os mercados livres são indiscutivelmente a maior ferramenta para reduzir a pobreza e criar uma abundância amplamente compartilhada que a humanidade descobriu e eu desconheço algum país que tenha se tornado rico apenas através de caridade. Um exemplo excelente é a Índia, onde a Igreja Católica sempre manteve grandes esforços de ajuda àquele povo.

Chelsea Follett, editora chefe da HumanProgress.org, diz que, na década de 1970, enquanto Madre Teresa ajudava a cuidar dos pobres daquele país, 67 por cento das crianças estavam abaixo do peso devido à falta de comida. Depois que a Índia mudou para mercados mais livres no início de 1990, a taxa de pobreza do país despencou. A parcela de crianças classificadas como abaixo do peso diminuiu rapidamente, caindo para cerca de 30% nos números mais recentes. Sobre este fenômeno, transcrevo a frase do Presidente do Grupo Banco Mundial, Jim Yong Kim: “Nos últimos 25 anos, mais de mil milhões de pessoas superaram a pobreza extrema e a taxa de pobreza global é atualmente mais baixa do que registrada alguma vez na história. Esta é uma das maiores conquistas humanas do nosso tempo.” (2018)

Mas e quanto ao atual aumento dos preços dos alimentos? O Papa Francisco não está errado quando aponta que os preços dos alimentos subiram nos Estados Unidos e em todo o mundo no ano passado. No entanto, ele entende a causalidade totalmente errada quando culpa as “grandes empresas de alimentos” e sua suposta ganância (afinal, as empresas não são nem mais nem menos gananciosas agora do que há dois anos!).

A ganância corporativa não é a culpada pelo atual aumento dos preços dos alimentos, conforme explicou o economista Alex Salter. “Os preços (..) estão subindo devido ao aumento da demanda e à redução da oferta. A única maneira de garantir que haja tanta comida disponível quanto as pessoas querem comprar é aumentando os preços”. Também entra nessa conta a enorme injeção de capital feita no ano passado devido à pandemia: um quinto de toda a criação de dólares ocorreu somente no ano passado. Só um economista da UNICAMP ou algum neokeynesiano (que deve ser a linha de Francisco) pode achar que tamanha quantidade de dinheiro criada não traria consequências inflacionárias.

Vale lembrar que de uma maneira geral os alimentos têm se tornado cada vez mais baratos e acessíveis. De acordo com a já citada Follett, “embora o aumento que vemos atualmente nos preços dos alimentos mereça atenção, a tendência de longo prazo é animadora (…) no último século, os americanos viram os alimentos se tornarem incrivelmente mais acessíveis. A chamada “ganância corporativa”, na forma de empresas de alimentos competindo para oferecer aos consumidores mais opções a preços mais baixos, ajudou a concretizar isso. A liberdade para inovar e se envolver na troca de mercado é responsável pelo declínio de longo prazo nos preços dos alimentos.”

Papa Francisco parece que tem pouco conhecimento sobre economia. Minha recomendação é que ele foque naquilo que sabe: rezar missa.

*Artigo publicado originalmente por Conrado Abreu na página Liberalismo Brazuca no Facebook.

Fontes:

https://brasil.elpais.com/sociedade/2020-10-04/papa-francisco-critica-neoliberalismo-e-populismo-em-seu-documento-mais-politico.html

http://www.ihu.unisinos.br/78-noticias/582567-papa-francisco-critica-o-capitalismo-e-emite-um-alerta

https://brasil.elpais.com/brasil/2018/01/23/actualidad/1516705169_487110.html

https://www.worldbank.org/pt/news/press-release/2018/09/19/decline-of-global-extreme-poverty-continues-but-has-slowed-world-bank

https://br.investing.com/news/cryptocurrency-news/mais-dolares-foram-impressos-em-julho-do-que-em-200-anos-770088

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