A verdade sobre a trajetória política de Prudente de Moraes

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Prudente de Moraes (1841-1902), que nasceu em um 4 de outubro, depois de construir uma atuação legislativa – desde o Império, quando integrou o Partido Liberal (“luzia”), defendendo o abolicionismo e o federalismo, e posteriormente migrou para o Partido Republicano – e ter governado São Paulo, foi o primeiro presidente civil da República, pondo fim ao período militarista da República da Espada. Representou a ascensão da República Oligárquica e seu governo demonstra de forma explícita as conturbações da República Velha.

O período já nasce tumultuado com as disputas entre os oligarcas de retórica liberal, liberais mais combativos como Rui Barbosa, positivistas, militaristas centralizadores e políticos tradicionais, egressos dos partidos monárquicos. Prudente de Moraes teve a dura missão de capitanear uma transição institucional, amenizando os efeitos cáusticos do florianismo e estabilizando a nova ordem. Lidou com uma situação econômica caótica e a responsabilidade de encerrar a Guerra de Canudos, o que foi feito de forma extremamente violenta.

Em 5 de novembro de 1897, Prudente de Moraes sofreu um atentado no Rio de Janeiro, onde o ministro da Guerra, marechal Carlos Machado Bittencourt, acabou assassinado. O escândalo envolveu o nome de Manuel Vitorino, o vice de Prudente, que alegou inocência e acabou conseguindo ser excluído do processo. Porém, diante da polêmica criada, de seu envolvimento com os radicais florianistas e da oposição que continuou a fazer ao governo seguinte da oligarquia civil, o de Campos Sales, Vitorino viu sua trajetória política encerrada.

Diocleciano Mártir, ex-integrante do Batalhão Tiradentes, um dos batalhões organizados na época para garantir a ordem, que presidia o Clube dos Jacobinos e o assim chamado Partido Jacobino, foi condenado e preso pelo atentado a Prudente. Os jacobinos, com o fim da República da Espada, passaram a defender atitudes violentas contra os governantes civis da oligarquia.

Embora sua existência como grupo mais ou menos organizado se tenha colapsado após a prisão de Diocleciano, é inegável que em episódios como a Revolta da Vacina vemos a tradição militarista e radical de que faziam parte das sinais de seu fôlego continuado. A expressão “jacobino” continua a se usada até hoje como sinônimo de revolucionário desordeiro, ecoando o extremismo dos homônimos da Revolução Francesa.

Prudente conseguiu transferir o cargo a um sucessor civil, mas seria este sucessor, Campos Sales, quem conseguiria configurar o arranjo político que favoreceria a continuidade do regime, não sem rusgas e instabilidades profundas, até a crise final em 1930.

 

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Lucas Berlanza

Lucas Berlanza

Jornalista formado pela Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ), colunista e presidente do Instituto Liberal, membro refundador da Sociedade Tocqueville, sócio honorário do Instituto Libercracia, fundador e ex-editor do site Boletim da Liberdade e autor, co-autor e/ou organizador de 10 livros.

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