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A rua é pública

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JOÃO LUIZ MAUAD *

Sou inteiramente solidário à família do pedreiro Amarildo, morador da favela da Rocinha, na Zona Sul do Rio de Janeiro, que desapareceu depois de ter sido levado pela polícia para averiguações, há cerca de 20 dias.  É absolutamente inconcebível que um cidadão suma do mapa, sem deixar vestígio, após ter sido “levado pela polícia para averiguações”.  É necessário e urgente que as autoridades públicas do estado do Rio deem uma satisfação não só à família, como a toda sociedade.

Dito isso, é inaceitável que o sumiço de Amarildo seja motivo para que algumas dezenas de pessoas tenham interditado, por três vezes, num prazo de quinze dias, sob o olhar complacente das autoridades, uma das principais vias da cidade, que liga a Zona Sul à Barra da Tijuca, causando transtornos absurdos a milhares e milhares de cidadãos que não têm nada a ver com o barbarismo policial e a falta de autoridade que assola a cidade.

As ruas são lugares públicos, ou seja, propriedades comuns, mantidas e gerenciadas pelo governo, a fim de manter o direito de ir e vir de todos, indistintamente.  Não é razoável, por nenhum ângulo que se olhe, o bloqueio das vias públicas por conta da vontade individual de uns poucos, ainda que o motivo do protesto seja justo.  O estado existe, entre outras coisas, justamente para garantir que esse tipo de arbitrariedade não aconteça.

Já imaginaram a anarquia em que se transformariam as cidades se cada cidadão com uma reivindicação ou reclamação justa resolvesse paralisar o trânsito para chamar atenção para sua causa? Isso é democracia?  Não.  É desrespeito aos direitos alheios.

Alguns certamente me acusarão de elitista, pois Amarildo é um cidadão humilde, vítima da violência policial e esta seria a única maneira que sua família tem para pedir justiça e descobrir o seu paradeiro.  A esses eu lembraria que, há cinco anos, desapareceu a engenheira Patrícia Amieiro, em circunstâncias muito estranhas e também tendo como principal suspeita pelo desaparecimento, a polícia.  Sua família (de classe média alta) até hoje busca uma explicação para o que ocorreu e a punição dos culpados, mas desconheço qualquer ação no sentido de bloquear ruas ou impedir o trânsito dos demais cidadãos.

A segurança pública não pode e não deve ficar refém de grupos organizados, ainda que esses grupos lutem por causas justas.  O dever do estado é agir, com rigor se necessário, para manter o direito de ir e vir da população.

* ADMINISTRADOR DE EMPRESAS

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