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A questão da Rádio MEC

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BERNARDO SANTORO*

O Correio Braziliense traz uma confusa opinião sobre a suposta extinção da Rádio MEC. A Rádio MEC é uma das mais tradicionais do Brasil e está voltada para a música clássica e mais erudita de forma geral. Embora tenha começado privada, fundada por Roquette Pinto, há algumas décadas foi doada para o governo federal e atualmente encontra-se junto à EBC (Empresa Brasileira de Comunicação).

O boato da extinção da Rádio MEC tem como fundamento a demissão em massa de funcionários competentes, mas não concursados, substituídos por funcionários concursados, mas inexperientes e de competência ainda a ser provada. Segundo os empregados demitidos, o desmonte da Rádio MEC estaria ocorrendo porque ela seria vista pelo governo como “elitista”.

Eu vou argumentar que o problema dela não é ser elitista, mas ser do governo.

Que a Rádio MEC é um oásis de cultura no meio de uma série de rádios de baixíssima qualidade, isso não há dúvida, o problema é que ela é sustentada por dinheiro de impostos de todas as pessoas, tanto os que gostam de sua programação, quanto os que não gostam, e isso é um problema.

O serviço de rádio não possui nenhum elemento que possa caracterizá-lo como especial ou essencial. Tanto que existem várias rádios privadas que entregam o serviço que a população deseja, caso contrário eram irão falir e dar lugar a outras rádios.

O que estamos falando aqui é de uma transferência de renda lamentável, onde os benefícios de uma ação pública são direcionados a um grupo social e os custos são repartidos entre todos.

Isso não tem nada a ver com elitismo, pois se fosse uma rádio pública de funk ou pagode, beneficiando um conjunto social mais pobre, às custas de todos, seria igualmente errado do ponto de vista da moral liberal.

A moralidade liberal pede que uma rádio seja sustentada voluntariamente por seus ouvintes e patrocinadores, e se não houver público suficiente para a manutenção do serviço é porque a sociedade, como um todo, está demandando uma melhor alocação desses recursos sociais em outra área, por mais relevante que seja a música clássica.

Então eu, a princípio, defenderia uma ação do governo para extinguir a Rádio MEC. Só que o governo não vai fazer isso. O que está fazendo é a mera substituição de funcionários não-concursados por concursados, o que é até algo lógico, do ponto de vista da aplicação da tecnocracia no serviço público.

Só que a tecnocracia do concurso nem sempre substitui a experiência. Provavelmente teremos uma Rádio MEC pública, transferidora de recursos dos não-ouvintes para os ouvintes, e agora de mais baixa qualidade, às custas de toda a sociedade.

*DIRETOR DO INSTITUTO LIBERAL

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