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A performance de Paulo Guedes e uma crítica ao PSL

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O empresário João Luiz Mauad, antigo colunista do Instituto Liberal, pontuou recentemente, com muita propriedade, que o governo precisa muito mais de críticas que de aplausos. Concordo com ele. No entanto, diante da reunião da Comissão de Constituição e Justiça para discutir o projeto da Nova Previdência, sinto-me compelido a, simultaneamente, fazer valerem a exceção do elogio e a regra da crítica.

Paulo Guedes é um verdadeiro monstro, na acepção mais positiva da palavra. Somente isso poderia definir a estatura moral de um homem com sua bagagem profissional e intelectual, sua consciência clara da missão de que está investido de lutar por nada menos que a viabilidade econômica do país, que, acumulando tais predicados, se dispõe a suportar as investidas deprimentes de figuras que lá estão como representantes eleitas da sociedade.

Pouco precisa ser dito sobre parlamentares capazes de, discutindo o tema mais importante do momento, tratando da reforma mais urgente de todas, se dirigirem a um ministro de Estado de cabelos brancos como “tchutchuca” ou “tigrão”. Trata-se do gênero de comportamento, por que nossos pais e avós provavelmente nos dariam pitos seríssimos na infância, mas barbados estão a praticá-lo aos olhos de toda a sociedade sem quaisquer rubores.

O momento mais impactante, pelo qual estendemos ao ministro nossas congratulações, foi aquele em que “tratorou” os parlamentares petistas – e os que já o foram e de cujas almas a substância do miasma petista não saiu, como o empertigado líder da oposição Alessandro Molon, hoje no PSB – com a mais acachapante dose da verdade, daquela verdade que dói de tão verdadeira. Ou doeria, se esses deputados petistas tivessem algum princípio ou honra.

O ministro errou o número de anos em que os petistas estiveram no poder – quatro mandatos nunca dariam 18 anos. Quem se importa? Virou detalhe o lapso matemático diante do conjunto da obra:

“Vocês estão há quatro mandatos no poder, por que não botaram imposto sobre dividendo, por que deram benefício para milionário, por que deram dinheiro para a JBS, por que deram dinheiro para o BNDES? Por quê? Vocês estiveram no poder. Nós estamos há três meses, vocês estiveram 18 anos no poder e não tiveram coragem de mudar. Não pagaram nada, não cortaram dividendos.”

Os críticos apontaram no ministro a falta de liturgia com que se referiu aos parlamentares como “vocês” – e tenho grande respeito pela liturgia, mas tais feitores da desgraça nacional bem que não merecem a deferência que ela recomendaria – e questionaram a utilidade desse tom duro para quem pretende articular e conciliar na base do diálogo para conquistar a aprovação das reformas. Pessoalmente, não acredito que o ministro perdeu nem ganhou voto algum com as referidas declarações. A seita petista não apoiará a Reforma da Previdência do governo Bolsonaro, tal como não apoiaram nada que foi efetivamente positivo e imprescindível ao Brasil. Não há que esperar isso deles, tampouco há esforço frutífero para convencê-los disso. Honestamente, sinto-me representado e aplaudo.

Não posso tecer as mesmas considerações positivas sobre a atuação do Partido Social Liberal. Nos últimos dias, a começar por se terem recusado, em maioria, seguindo orientação partidária, a votar favoravelmente a uma emenda parlamentar que permitia – facultava, não obrigava – a devolução de sobras não utilizadas do fundo partidário ao Tesouro Nacional, os representantes da legenda do governo estão fornecendo muitos motivos para decepção. A tal emenda é o mínimo do razoável: não vai usar, devolva. Nesse aspecto, o Partido Novo tem toda razão. Não permitir isso é o cúmulo do irrazoável, só compreensível em um país que cultua o desperdício e as legislações insanas.

Em relação à CCJ, os parlamentares do PSL precisam estudar e assumir a defesa da proposta mais urgente do governo que foram eleitos para sustentar com mais contundência. Paulo Guedes pode ser um forte – ou, como diria Zeca Dirceu, um “tigrão” -, mas a Reforma da Previdência será aprovada ou não pelos políticos e são eles, os políticos, que mais precisam sair abertamente em sua defesa. O eventual desgaste político com parcelas da base eleitoral não pode prevalecer sobre o desgaste geral do governo com a sociedade ao não apresentar os resultados imperativos.

Todos sentiram que o ministro estava um tanto sozinho no papel desconfortável de defender o que é essencial ao país. Não vão perder tempo e vão fazer o que foram eleitos para fazer, por gentileza.

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Lucas Berlanza

Lucas Berlanza

Jornalista formado pela Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ), colunista e presidente do Instituto Liberal, membro refundador da Sociedade Tocqueville, sócio honorário do Instituto Libercracia, fundador e ex-editor do site Boletim da Liberdade e autor, co-autor e/ou organizador de 10 livros.

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