A oposição a Rússia é a única posição moral possível
Enquanto setores da esquerda tupiniquim, a esquerda jurássica, tecem justificativas, ainda que veladas à invasão russa, alguns chegando ao cúmulo de culpar a Ucrânia por exercer seus direitos de Estado soberano, ou, pasmem, os EUA, e setores de uma direita populista e tosca, que se contradiz com uma suposta defesa do ocidente, à medida que não consegue ocultar o júbilo que sente com Putin, é importante destacar que a única posição possível nesse cenário, em especial para os que desejam a paz, é se opor à invasão russa. Não há espaço para tergiversar. Essa guerra tem um único culpado, é obra de um único país.
É vergonhoso ver gente que vive a atacar o “imperialismo” culpar a Ucrânia por exercer seu livre direito de tentar integrar a OTAN. Nenhum país da OTAN ingressou na entidade por coerção. Essa era a forma de operação do bloco soviético, durante a vigência da cortina de ferro, não do mundo livre. A URSS, é claro, não existe mais, mas suas viúvas se converteram em defensores do Kremlin de Putin, muito mais por birras geopolíticas, em especial o antiamericanismo e o saudosismo com o bloco caído e o socialismo derrotado na roda da história.
Na mesma medida, é vergonhoso ver setores da militância vermelha vociferando a narrativa de Putin de que a invasão cumpre um objetivo humanitário de livrar a Ucrânia do “nazifascismo”. O presidente da Ucrânia, cumpre destacar, é judeu. Ainda que a justificativa tivesse algum fundamento, a defesa da invasão não seria menos contraditória, já que nunca reconheceram legitimidade na justificativa americana para a Guerra do Iraque, que acabou por derrubar Saddam Hussein.
Os entusiastas da barbárie também ignoram a própria parcela de cidadãos russos que se arriscam indo às ruas, em um país com poucas garantias de liberdade de expressão, para protestar contra a guerra. Na certa devem pensar que se trata de “agentes americanos infiltrados”, como, com frequência, se referem a cubanos que se destacam pela oposição ao regime castrista.
Independentemente de inclinações ideológicas, a leitura aqui é a de que a Rússia invadiu um país soberano, sem provocação prévia, por se opor ao direito de livre entrada desse país em um organismo internacional. Qualquer legitimação disso é uma defesa do autocrata de Moscou, do imperialismo, bem como um ataque à autodeterminação dos povos e ao direito de soberania nacional.