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As universidades estão falhando por toda parte. A solução seria uma volta no tempo?

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Em 1945, F. A. Hayek publicou O Uso Do Conhecimento na Sociedade. Nesse artigo, ele sugere uma distinção entre dois tipos de conhecimento utilizados pelas pessoas em seus processos de planejamento e tomada de decisão.

De um lado, temos o conhecimento científico (sistemático). Cientistas e professores estão interessados em determinar universais, afirmações verdadeiras independentes do tempo e do espaço. Para organizar este conhecimento, organizamos um edifício de abstrações tão complicado que é preciso bastante tempo para dominar.

Por outro lado, existe o “conhecimento das situações particulares no tempo e no espaço”. Hayek argumenta que este conhecimento desorganizado está disperso na sociedade e é, de fato, o mais útil para a tomada de decisão, planejamento de negócios e para a cooperação no mercado.

Foi somente em meados do século 19 que as universidades passaram a ser acessíveis para as massas. Elas foram eficazes ao capturar o papel antes exercido por guildas e uniões de profissionais. O que seguiu foi um crescente conjunto de regulações estatais que passou a exigir educação formal fornecida pelas universidades para inúmeras ocupações.

Como contrapartida para a sociedade, veio uma montanha de dinheiro na forma de financiamento público e privado para o sistema.

Não me leia mal: não estou questionando a forma de financiamento das universidades nem que elas desempenhem um papel importante; mas elas só podem fornecer o conhecimento ligado aos universais. Na maior parte dos negócios e da vida em sociedade, precisamos de conhecimentos específicos.

Considere a engenharia como exemplo.

Engenheiros utilizam os conhecimentos universais da Física para projetar carros, mas utilizamos conhecimento local das condições da rodovia para guiar estes carros. Usamos conhecimento local para gerenciar as pessoas específicas que trabalham nas fábricas. Utilizamos o conhecimento oportuno de preço e demanda para planejar quantos e quais carros devam ser fabricados num determinado dia.

Como podemos aprender a otimizar para essas condições específicas?

Observando como outras pessoas resolvem problemas específicos e experimentando essas soluções em novos problemas. A experimentação é a forma de avaliar se uma solução funciona em outras situações e em qual extensão. Os resultados usualmente nos informam o que deu errado permitindo melhorar a cada iteração.

Isso é muito difícil de ensinar em universidades pois universais exigem o desenvolvimento de problemas de escopo fechado para fins didáticos. O mundo é um grande problema de escopo aberto que precisa ser compreendido dentro das empresas. Estas estão preocupadas com a solução de problemas específicos.

As universidades estão com dificuldades por todo o mundo pois têm cada vez mais dificuldade de justificar seus vultuosos orçamentos. A comunicação descentralizada promovida pela Internet está rapidamente mudando o ambiente da educação, permitindo que as pessoas encontrem alternativas educacionais mais rápidas, baratas e imediatamente aplicáveis.

Se abandonarmos os conhecimentos universais possivelmente também perderemos nossa raison d’être. Parece-me que a solução para este problema envolverá admitirmos o escopo mais restrito da atuação das universidades e diminuir de tamanho.

Mas essa seria esta uma solução politicamente viável?

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José Edil G. de Medeiros

José Edil G. de Medeiros

José Edil Guimarães de Medeiros é professor no Departamento de Engenharia Elétrica da Universidade de Brasília. Foi um dos fundadores do Instituto Liberal do Centro-Oeste e do Instituto de Formação de Líderes de Brasília.

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