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A moral deles.  Ou: O erro de Dirceu foi não ter parado antes de ficar evidente que os meios eram ilícitos e as punições inevitáveis

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Uma das minhas diversões prediletas é descobrir incoerências irremediáveis no pensamento de esquerda.  A consistência intelectual dos caras chaga a ser patética, pois o importante mesmo são as seus valores subjetivos, gostos pessoais e idiossincrasias.

Peguem, por exemplo, o notório Juca Kfouri.  Em março deste ano, o valente escreveu um libelo em defesa da sua (dele) presidenta.  À época, disse com todas as letras que o brasileiro, ou melhor, a elite branca, como ele se referiu aos adeptos do “panelaço” contra Dilma, não tinha moral para reclamar da corrupção do governo, pois compramos CDs piratas, avançamos sinais de trânsito, andamos pelo acostamento e, em algum momento, também já votamos em políticos corruptos, como Collor e Sarney.

Obviamente, tratava-se de uma enorme falácia (veja minha resposta àquele indigesto artiguinho aqui).  Ninguém, de fato, é santo e todos nós, em algum momento, já avançamos sinal, andamos em velocidade maior que a permitida ou fizemos uma fezinha no jogo do bicho.  Isso, entretanto, não nos tira o direito de ficar indignados com a corrupção de proporções oceânicas perpetrada pelos últimos governos petistas.  Em resumo, o fato de já termos cometido infrações menores (“quem nunca pecou, que atire a primeira pedra”, já dizia Jesus Cristo) não quer dizer que sejamos obrigados a aceitar passivamente crimes infinitamente maiores e mais daninhos, como os praticados pelo PT et caterva contra o país.

Pois bem, não é que hoje, passados apenas cinco meses daquele esdrúxulo artigo, o jornalista publica no site da Folha de São Paulo algo que, além de asqueroso, contraria tudo que ele dissera antes?  De início, até pela chamada na página principal (“Por que gente milionária quer sempre mais dinheiro?”), pensei tratar-se de mais um daqueles textos atacando a ganância dos capitalistas, e já fui preparado para ler palavras cheias de inveja e preconceito.

Qual não foi a minha surpresa quando vi que suas diatribes não eram direcionadas a Steve Jobs, Bill Gates e outros empreendedores bilionários.  Esses, segundo ele, são os que fazem girar a roda do capitalismo (?). O artigo, na verdade, é um choramingo de desilusão com seu antigo ídolo José Dirceu, recentemente preso por ordem do juiz Sérgio Moro.

Depois de citar Dirceu em meio a alguns outros nomes famosos “cuja ganância levou à desgraça, se não financeira, mas moral, além até da perda do mais precioso dos bens, a liberdade”, Kfouri pergunta, com aquela inocência característica dos tolos, provavelmente (e aqui concedo-lhe o benefício da dúvida) sem se dar conta do disparate que disse: Terá compensado? Não dava para ter parado antes de ficar evidente que os meios eram ilícitos e tornar as punições inevitáveis?

Não, caro leitor, você não leu errado.  Aquele mesmo jornalista que acusara a elite branca de não ter moral, por conta de pequenos desvios éticos, de reclamar e ficar indignado com a roubalheira petista, dá a entender agora que o grande erro de José Dirceu e outros, motivados pela ganância, foi não terem “parado antes de ficar evidente que os meios eram ilícitos e as punições inevitáveis”.

Mais adiante, ainda não satisfeito, o jornalista, embora diga que “não justifica”, nos informa, com todas as letras, que considera uma atenuante o fato de alguém corromper-se, desde que não seja para enriquecimento pessoal, mas por uma causa maior.

Como diz o Constantino: um saquinho, por favor, porque estou com vontade de vomitar…

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João Luiz Mauad

João Luiz Mauad

João Luiz Mauad é administrador de empresas formado pela FGV-RJ, profissional liberal (consultor de empresas) e diretor do Instituto Liberal. Escreve para vários periódicos como os jornais O Globo, Zero Hora e Gazeta do Povo.

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