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A marcha autoritária do quebradores de tabus

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Em determinados momentos históricos, alguns grupos políticos percebem que as estruturas de poder até então existentes não atendem, como deveriam, aos anseios da maioria (das classes inferiores ou exploradas, segundo estes grupos). Afirmam também que as chamadas classes dominantes possuem como meta a preservação das superestruturas, de forma a manter suas benesses e privilégios em um mundo de comprovada escassez.

O rico em detrimento do pobre. O exaltado em prejuízo do humilhado.

Dizem estas mesmas pessoas que a sobreposição de classes ocorre através da imposição de dogmas sociais e culturais de cima para baixo, de forma a arrebanhar os integrantes das subclasses em conceitos que só servem para seu próprio aprisionamento.

Desta forma, a história do mundo seria uma história de dogmas ou tabus, sendo estes as ideias pensadas e impostas senão com objetivo de dominação e controle. Coisas criadas pelos dominadores para controle dos dominados e manutenção de privilégios econômicos e sociais.

O detalhe que essas pessoas ignoram, todavia, é que esta é apenas uma face da moeda. Os tabus podem ser criados, basicamente, por dois motivos: para preservar estruturas de poder, mas também para dar um rumo à sociedade, a qual não possui, em sua origem, valores morais absolutos. (Uma sociedade sem limites está fadada ao perecimento).

A sanha revolucionária – e que por ser revolucionária, não admite ponderação – tem como meta em seu plano de ação a quebra dos dogmas/tabus impostos, de forma a derrocar os exaltados e elevar os humilhados. Segundo seu pensamento, este é o caminho para um mundo sem desigualdades.

Um exemplo clássico desta transformação foi a Revolução Francesa, onde a revolta com o antigo regime fez nascer uma das mais sangrentas e radicais revoluções da história documentada. Isto porque a quebra irrestrita dos dogmas/tabus passou a ser o objetivo precípuo do movimento revolucionário, e quem se pusesse contra, neste caso, ousando falar em sentido contrário, era simplesmente guilhotinado. Tinham ódio de tudo o que era antigo ou relacionado com as tradições, chegando até a abolir o uso do termo “madame” no país. Termo que, por sua ótica, remetia à uma injusta hierarquia social. (Edmund Burke denunciou os crimes de Robespierre).

Em nosso tempo, as Revoluções repentinas e violentas não são mais tão viáveis, pois elas chocam, custam caro e provocam maiores níveis de resistência por parte da população. (Ninguém quer ver um filho morrer em um conflito armado). Portanto, a forma que os revolucionários encontraram de transformar a sociedade contemporânea é através da quebra gradativa de tabus, tabus estes que, segundo eles, só serviriam às elites e ao sistema de produção capitalista (hegemonia cultural). Ao invés das armas, utilizam a internet e os jornais, ao invés dos comitês de partido, agora penetram lentamente nas igrejas, grupos de “direitos humanos”, de “diversidade cultural e sexual”, “multiculturalismo”, centros estudantis de universidades e mídia.

No seu labor diário, qual seja, quebrar tabus, essa parte da intelectualidade vai levando consigo as duas faces da moeda. Quebram os tabus ruins, mas também quebram os tabus necessários, aqueles que estabelecem limites morais, éticos e filosóficos aos seres humanos. Quem nunca se deparou com um amigo relativista? Aquele para quem o bem ou o mal são apenas questões de “ponto de vista”?

Com isso, nossa revolução silenciosa – quebra de tabus – caminha de maneira diversa, mas temo que o fim não seja muito diferente do que foi na França…E isto já está ocorrendo.

Já vimos, por exemplo, uma menina branca portadora de câncer ser covardemente atacada por usar turbante (suposto símbolo de cultura negra), uma professora de ioga lecionando menstruada, censura nas marchinhas de carnaval, professores que não podem repreender seus alunos em sala de aula et cetera.

Vejamos qual será o próximo passo dos nossos “salvadores”, os “quebradores de tabus”.

Sobre o autor: Heitor Gama Pimentel é graduado em Direito pela Universidade Estácio de Sá, Rio de Janeiro. Possui especialização em Direito Público pela Universidade Cândido Mendes, Rio de Janeiro.

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