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A Hora do Planeta.  Ou: como iludir os incautos

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Vindo do trabalho, a caminho de casa, ouço no rádio a notícia de que, na noite deste sábado, 28 de março, a ONG WWF promoverá, ao redor do mundo, mais um “Earth Hour” (Hora do Planeta), pedindo que as pessoas apaguem as luzes durante uma hora (entre 8:30h e 9:30h) para despertar a conscientização sobre o problema do aquecimento global.

O objetivo da “Hora do Planeta”, de acordo com seus organizadores, é incentivar as pessoas a pensar sobre como elas podem reduzir seu consumo de energia. O evento em si tem pouco efeito sobre as emissões de carbono, mas o que importa, segundo os organizadores, é o seu significado simbólico, inspirando as pessoas a tomar ações concretas para reduzir as suas “pegadas de carbono”.

O que nunca é mencionado é o fato de que a redução dos gases de efeito estufa no volume pretendido pelos ativistas do aquecimento global seria, em si, uma catástrofe para a humanidade. Os políticos e os ambientalistas, incluindo aqueles por trás da “Hora do Planeta”, não estão pedindo que as pessoas simplesmente apaguem algumas lâmpadas, mas uma redução verdadeiramente maciça nas emissões de carbono: algo como 80% abaixo dos níveis de 1990. Como a energia consumida no mundo é predominantemente à base de carbono (os combustíveis fósseis representam perto de 85% da produção mundial de energia), isso significa necessariamente uma redução drástica em nosso consumo de energia.

Poucas pessoas têm uma noção clara do que isso significaria na prática. Nós, cidadãos do mundo industrializado, raramente nos damos conta do quanto nos beneficiamos do uso de combustíveis fósseis, em cada minuto dos nossos dias. Nós dirigimos nossos carros para o trabalho, temos nossas residências e escritórios refrigerados e iluminados, alimentamos nossos computadores e inúmeros outros aparelhos domésticos, e contamos com bens e serviços indispensáveis ​​que só a energia abundante, confiável e barata dos combustíveis fósseis torna possível: hospitais, supermercados, fábricas, fazendas, telecomunicações, etc.

É difícil para nós sequer imaginarmos o grau de sacrifício e de danos que as políticas de redução de emissões de CO2 requeridas pelos ativistas do aquecimento global nos causariam.  Se consumimos hidrocarbonetos, é porque eles nos garantem níveis de prosperidade, conforto e mobilidade como nenhum outro combustível.  A energia deles obtida melhora nossa saúde, reduz a pobreza, permite uma vida mais longa, segura e melhor.  Ademais, o petróleo não no fornece somente energia, mas também plásticos, fibras sintéticas, asfalto, lubrificantes, tintas e uma infinidade de outros produtos.

“O petróleo talvez seja a mais flexível substância jamais descoberta,” escreveu Robert Bryce em “Power Hungry”, um livro iconoclástico sobre energia. “O petróleo”, diz ele, “mais do que qualquer outra substância, ajudou a encurtar distâncias.  Graças à sua alta densidade energética, ele é o combustível quase perfeito para a utilização em todos os tipos de veículos, de barcos a aviões, de carros a motocicletas.  Não importa se medido por peso ou volume, o petróleo refinado produz mais energia do que praticamente qualquer outra substância comumente disponível na natureza.  Essa energia é, além de tudo, fácil de manusear, relativamente barata e limpa”.  Caso o petróleo não existisse, brinca Bryce, “teríamos que inventá-lo”.

Os participantes da “Hora do Planeta” passarão por agradáveis 60 minutos no escuro, mas ao mesmo tempo terão a certeza de que o conforto e outros benefícios da civilização industrial estarão apenas a um interruptor de distância. Em resumo, as pessoas permanecerão absolutamente ignorantes a respeito das conseqüências práticas das políticas draconianas de redução de emissões de carbono que os ativistas do aquecimento global exigem.

Aqueles que afirmam que é preciso reduzir em 80% as emissões de dióxido de carbono deveriam tentar passar não uma hora, mas um ano no escuro, sem aquecimento, sem refrigeração, sem eletricidade, sem utilizar quaisquer equipamentos úteis para economia de trabalho e de tempo, enfim, produtos de poupança de energia que só a civilização industrial tornou possível.

Minha sugestão é que mandemos todos esses ativistas passar alguns meses morando na Coréia do Norte, onde a “Hora do Planeta” dura o ano inteiro (a imagem acima mostra uma visão de satélite, à noite, daquele país). Depois dessa experiência, se eles voltarem à civilização ainda com as mesmas idéias, a gente conversa.

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João Luiz Mauad

João Luiz Mauad

João Luiz Mauad é administrador de empresas formado pela FGV-RJ, profissional liberal (consultor de empresas) e diretor do Instituto Liberal. Escreve para vários periódicos como os jornais O Globo, Zero Hora e Gazeta do Povo.

4 comentários em “A Hora do Planeta.  Ou: como iludir os incautos

  • Avatar
    30/03/2015 em 4:57 pm
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    Eu simplesmente ignoro esta patacoada de hora do planeta. O que estes ambientalistas-esquerdistas querem é controlar a vida das pessoas.

  • Avatar
    28/03/2015 em 8:20 pm
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    Hoje já parece evidente até mesmo para diversos eco-chatos que houve muito exagero em muitas previsões no passado, o que faz parecer plausível que as atuais também sejam exageradas. No entanto, não consegui ainda entender perfeitamente porque os liberais não tratam o ar como recurso privado, da mesma forma que a água deveria ser tratada. Como recurso público, vemos que questões relacionadas a água passam pelos mesmos problemas de outros assuntos de âmbito governamental como incompetências, corrupção e a falta dos de equilíbrio entre oferta e demanda por medidas populistas que é obtida quando se tratar qualquer recurso através do mercado. Com certeza de que já leu o Manifesto libertário, de Murray Rothbard, lembro do histórico que ele traz sobre o assunto, mostrando que o ar não foi considerado pela justiça dos estados unidos como recurso de todos por intervenção do estado em virtude de interesses econômicos de empresas e sua influência junto ao estado.

  • Avatar
    27/03/2015 em 11:46 pm
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    “Alarmismo ambientalista engana sobre a causa da seca, diz climatologista Luiz Carlos Molion”

    “O professor Luiz Carlos Molion, dispensa apresentação. Ele representa a América Latina na Organização Meteorológica Mundial, é pós-doutor em meteorologia, membro do Instituto de Estudos Avançados de Berlim.”
    http://ecologia-clima-aquecimento.blogspot.com.br/2015/02/alarmismos-ambientalistas-enganam-sobre.html

    https://www.youtube.com/watch?v=eSmohpIUr2c

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