A exclusão de negros e mulheres do mercado tem causa governamental

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BERNARDO SANTORO*

O Globo de hoje traz uma reportagem afirmando que 60% dos desempregados no Brasil são mulheres e negros, com base em pesquisa do DIEESE, e que a causa dessa proporção seria o racismo dentro das sociedade brasileira, de acordo com a economista Lúcia Garcia, que trabalha nesse departamento sindical de pesquisa. Essa conclusão é absurda e pretendo comprovar que a grande causa do desemprego de mulheres e negros é o governo.

A primeira coisa a ser dita é a mais óbvia possível: existem mais mulheres e negros do que homens e brancos no Brasil. É absolutamente natural, portanto, que esses grupos sociais sejam maioria também na taxa de desemprego.

Mas vamos considerar que a média de mulheres e negros na sociedade seja de 55% e a taxa de desemprego desses grupos esteja em 60%. Será que temos algum motivo mais lógico do que o racismo para embasar esse fenômeno?

Como eu já analisei em outro texto, ao contrário do que é pregado de maneira recorrente pela esquerda, o verdadeiro mecanismo livre de preconceitos é o livre-mercado pois, na ânsia por satisfazer suas próprias necessidades e enriquecer, agentes econômicos ignoram seus preconceitos e trocam produtos e serviços com pessoas que, a princípio, não teriam nenhuma relação, salvo, talvez, uma relação de ódio, desde que vejam nisso uma atividade lucrativa. Portanto, essa análise da reportagem do Globo não faz sentido a não ser que algo esteja obstruindo o livre-mercado.

Quem causa essa obstrução é o governo, principalmente através de legislações trabalhistas e entraves burocráticos.

No Brasil, os grupos sociais de negros e mulheres tem, historicamente, menos acesso à educação que brancos e homens. O trabalho proveniente de pessoas com pouca educação é de baixa produtividade e de pouco valor agregado, e em uma economia com pouca poupança, como a brasileira, os salários de pessoas com baixa produtividade acaba por ser menor ainda. Em compensação, esse baixo salário acaba atraindo empresas e famílias para contratar tal mão-de-obra para trabalhos menores, fazendo com que os contratantes possam focar em se especializar em trabalhos mais produtivos. No final, a especialização do trabalho gera um maior enriquecimento social geral.

Mas a legislação trabalhista brasileira encarece essa mão-de-obra barata, às vezes em até 200% do seu custo original, inviabilizando a contratação dessas pessoas. Se o baixo salário era justamente o maior atrativo para contratação dessas pessoas, a legislação trabalhista acaba por ter um efeito elitista, pois se um empregador for obrigado por lei a gastar um valor “x” estático para mão-de-obra, e tiver que escolher entre um empregado mais produtivo (em regra brancos e homens, pelo fator educacional) e outro menos produtivo (em regra negros e mulheres, pelo fator educacional), é evidente que o empregador optará pelo primeiro.

O custo burocrático imposto a esses entes também inviabiliza a contratação dessas pessoas, e, pior, inviabiliza até mesmo o trabalho autônomo legalizado dessas pessoas, que acabam caindo na informalidade e são sistematicamente extorquidos por agentes do estado. O custo para legalização de micro-empresários até diminuiu nos últimos tempos, mas ainda é pouco para a realização de uma evolução social geral pelo capitalismo.

Quem tiver maior interesse sobre o tema, recomendo o excelente livro de Walter Williams, “The State Against the Blacks” (“O Estado contra os Negros”) .

Em suma, é realmente chocante ver uma economista, como o caso da especialista entrevistada pelo jornal, que foi treinada para pesquisar as causas de fenômenos sociais através da economia, simplesmente supor uma causa para o desemprego dessa parcela desfavorecida da sociedade, sem trazer nenhum dado racional para substanciar essa conclusão, com base em achismo que, no final, refletem o próprio racismo da entrevistada.

*DIRETOR DO INSTITUTO LIBERAL

 

 

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