A China e o Brasil
ARTHUR CHAGAS DINIZ*
Além de integrarem o que se passou a chamar de BRICs, o Brasil e a China têm muitos pontos em comum. Não apenas a extensão territorial – são ambos os países grandes -, mas, especialmente, o de serem os dois partidários do capitalismo de Estado.
A China, país de um partido único – o Partido Comunista Chinês -, é muito mais fechada e a luta pelo controle do Estado não é coberta pela imprensa. Na China, ao invés da cassação de mandatos, temos os expurgos. Lá como cá, a questão que se coloca é de moralidade pública. Comunistas lá e “esquerdistas” aqui, todas as camarilhas, partilham o desejo de poder com o desejo de riqueza.
Depois de assumir o controle do país na era pós Mao, os chineses estão se tornando mais e mais competitivos, estabelecendo em relação ao Ocidente diferenciais de custo de mão de obra indecentemente baixos. No Brasil, ao contrário, a intermediação do Estado acaba por estabelecer custos de mão de obra praticamente equivalente aos dos norte-americanos.
Outra sensível diferença entre os dois países é a capacidade de poupar do Estado. Com uma tributação entre as mais elevadas do mundo, o Brasil recolhe de impostos quase 40% do Produto Interno Bruto. O Estado gasta, virtualmente, tudo com o funcionalismo público (entre ativos e aposentados). Na China, a taxa de investimento permite que o país, em períodos menos favoráveis, cresça de 8 a 9% a.a.
A nobreza vermelha, na China, é integrada por filhos de ex-líderes do Partido. Igualmente, aqui o bloco dos novos ricos é integrado pelos filhos de líderes populistas.
Obviamente há enormes diferenças entre o Brasil e a China, mas nos dois países o Governo é quem escolhe os vencedores, os campeões.
* PRESIDENTE DO INSTITUTO LIBERAL
fonte da imagem : cmarins da silva
