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David Hume

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Autores Liberais – David Hume: 1711-1776

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David Hume foi o mais influente dos filósofos do Iluminismo escocês. Nascido em Edimburgo a 7 de maio de 1711, suas idéias afetaram todos os cientistas e filósofos que o sucederam. Suas principais obras filosóficas foram: Um Tratado sobre a Natureza Humana (1739), Investigação sobre o Entendimento Humano (1748, desdobramento do primeiro volume do “Tratado”) e Investigação sobre os Princípios da Moral (1751, desdobramento do segundo volume do “Tratado”). Essas três obras continuam atuais e, graças a sua elegante e despojada linguagem, ainda falam diretamente ao leitor do século XXI.

Filosofia

A Filosofia para Hume era a ciência da natureza humana fundada no indutivismo e experimentalismo. Influenciado pelo modelo científico de Newton e a epistemologia de Locke, Hume concluiu que não é possível nenhum conhecimento além da experiência. Sua filosofia, portanto, se resumida a uma frase, seria: ‘deve-se acreditar somente naquilo que se tem boa razão para acreditar’. Pode, aos dias de hoje, parecer uma obviedade, mas assim não era quando o “Tratado” foi publicado. O próprio Hume reconheceu que ele saíra “morto da gráfica”. Tanto que, posteriormente, reescreveu parte dele. Em pleno século XVII, afirmar que idéias como causalidade, substância, eu e Deus não podem ser reduzidas a impressões (experiência originais) e que se constituem em ficções gramaticais custou a Hume a pecha de ateu (o que se constituía, então, em grave acusação) e a inclusão de toda sua obra no Índex da Igreja Católica (1763). Suas posições filosóficas também lhe custaram o ostracismo acadêmico, tendo-lhe sido negado, em duas ocasiões, o acesso a cátedras em universidades escocesas.

Influência de Hume

A teoria do conhecimento de Hume (o conhecimento é uma associação de idéias que surgem de percepções) exerceu influência fundamental sobre vários filósofos que o sucederam. Entre eles podemos citar John Stuart Mill – para quem o conhecimento era limitado aos dados sensoriais objetivos – e Bertrand Russell – que via a realidade como uma pluralidade de eventos e relações lógicas. Também Karl Popper teve sua filosofia marcada por Hume. Para o filósofo austríaco, todo conhecimento, seja científico, filosófico ou político, é conjetural (assim sendo, nenhuma quantidade de observações empíricas consegue comprovar, inequivocamente, uma teoria – i.e., considerá-la “verdadeira” –, pois basta uma observação que a contrarie para que ela seja descartada como falsa).

Hume historiador

Hume, entretanto, não foi apenas um filósofo que investigou a natureza humana e como se chega ao conhecimento. Na verdade, após 1751, ele praticamente abandonou a Filosofia. Entre 1754 e 1762 se dedicou – enquanto exercia as funções de bibliotecário da Advocates’ Library de Edimburgo – a escrever uma monumental história da Grã Bretanha, em 6 volumes. Essa obra trouxe enorme prestígio para Hume. Escrita de maneira acessível e abordando questões sobre cultura e ciência, ela abrange o período que vai da invasão de Júlio César (55 a.C.) até a Revolução Gloriosa (1688). Foi um “best seller” por quase cem anos, quando Macauly publicou sua “História”.

A partir de 1763 Hume voltou a morar na França (a primeira vez foi na juventude, justamente o período que antecedeu à publicação do “Tratado”). Desta vez, ele foi como secretário do embaixador britânico em Paris. Até 1765 Hume foi reverenciado pela corte francesa e pelos pensadores que viviam ou passavam por Paris, então um centro cultural incomparavelmente superior a Londres.

Filosofia moral

Mas essas não foram as únicas dimensões da obra de Hume. Ele também se dedicou à filosofia moral. Em meados do século XVII escrever sob a forma de ensaios tornou-se muito popular. Hume produziu uma série deles enfeixados sob o título de Ensaios Morais, Políticos & Literários. Nesses ensaios estão resumidas as concepções de Hume, especialmente sobre sociedade e governo. Ele via na instituição da propriedade um dos pilares da civilização. O governo, quer monárquico, quer republicano, deveria ser limitado pelas leis e pelo Parlamento. O cultivo das artes e das ciências também era outro aspecto indispensável para o progresso dos povos. As modernas concepções liberais encontram seus fundamentos na obra de Hume.

As artes, para Hume, não se resumiam à pintura, literatura ou música, mas também à conversação. A transmissão do conhecimento e de gostos refinados se dava muito na conversa entre amigos ou na troca de correspondência. Aliás, o período vivido por Hume coincidiu com o de vários gigantes britânicos: Adam Smith, além de ter sido influenciado pela filosofia de Hume, foi também um amigo muito próximo; Edward Gibbon; Samuel Johnson e James Boswell foram seus contemporâneos e praticaram a arte da conversação com todo o requinte possível.

Ensaios

Os “Ensaios”, como o restante da obra de Hume, nunca é demais enfatizar, continuam atuais e de grande interesse. Na recém publicada edição brasileira há um interessante ensaio póstumo sob o título A vida de David Hume, Esq., escrita por ele próprio, bem como uma carta de Adam Smith onde ele comenta alguns aspectos da vida de Hume e sobre seus últimos dias. Ao final, também se encontram instigantes ensaios (quase todos curtos e de fácil leitura) sobre questões polêmicas. Entre esses, podemos destacar: Dos preconceitos morais; Da impudência e da modéstia; Do amor e do casamento; Da avareza; Do suicídio e Da imortalidade da Alma.

A impressão dos amigos

David Hume faleceu em 25 de agosto de 1776, em Edimburgo, no auge de seu prestígio (mais como historiador e ensaísta do que filósofo). A história sobre o diálogo que teria havido entre Hume e Boswell de certa forma sintetiza a postura de Hume ante questões metafísicas. Conta-se que Boswell teria lhe perguntado se acreditava em vida após a morte, ao que ele respondeu: ‘é possível que se coloque um pedaço de carvão no fogo e este não queime’.

Adam Smith, certamente mais sóbrio e menos irreverente que Boswell, assim descreveu a personalidade do amigo, logo após sua morte: ‘Mesmo nos piores momentos da fortuna, sua frugalidade nunca o impediu de praticar, nas ocasiões oportunas, atos de caridade e generosidade. Era uma frugalidade que se baseava não na avareza, mas no amor pela independência. A extrema cordialidade de sua natureza nunca comprometeu a firmeza de seu espírito, nem a convicção de suas decisões… No todo, eu sempre o considerei, tanto na sua vida quanto depois de sua morte, como alguém muito próximo do ideal de um homem sábio e virtuoso, pelo menos tanto quanto a fragilidade da natureza humana pode permitir’.

Conclusão

Muito pode-se dizer sobre Hume, que já foi descrito como o filósofo mais antigo cujos escritos parecem contemporâneos. A verdade dessa constatação pode ser confirmada pelo fato de que Hume foi precursor do feminismo. Em pleno século XVII.

Livros

· Ensayos politicos. Madrid: Union Editorial, 1975.

· The history of England: from invasion of Julius Caesar to the revolution in 1688. Indianapolis: Liberty Classics, 1983.

Mais sobre David Hume
David Hume (1711-1776) – Gestão do Conhecimento numa Perspectiva Empirista e Crítica

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Pereira Rodrigo Ramiro

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