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Guerrilhas atacam no Rio de Janeiro

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Colaboradores

05.01.07

 

 

Guerrilhas atacam no Rio de Janeiro

___ Nahum Sirotsky *

Em minha última visita ao Rio de Janeiro, observei mudanças logo ao sair do Galeão. Passei ao lado do Conjunto do Alemão, gigantesca combinação de favelas. E notei algo novo.

Fui repórter de polícia na juventude e tinha intimidade com os morros que subia tranqüilo. Não esqueço dois companheiros que se intercalavam como minha companhia e fotógrafos. Nestor Leite, um amazonense baixinho que nada temia, e Antônio Monteiro, mais conhecido por Antônio Mulato, outro que nada temia. Éramos de O Globo . Nestor, não dá para esquecer, foi meu companheiro numa exploração da floresta amazônica do então Guaporé, perigosíssima. E me salvou a vida ao sacar seu revólver com velocidade de “mocinho” para acertar cobra jararaca que pulava para me picar. Seria mortal. Com o Mulato, deslindamos em poucas horas o mitológico “crime da mala” enquanto a Polícia se preocupava com impressões digitais. Não dá para esquecer Madame Satã, Carne Seca, Sete Dedos, Bola Preta outros perigosos malandros.

Nos Morros sabiam que nos protegiam e éramos respeitados. Mas o Alemão e outros que vi de perto, de passagem, tinham algo de diferente que não era o tamanho. Ser repórter é ter insaciável curiosidade e estar sempre alerta. Nas entradas dos morros notei nova organização dos garotos que antes viviam nas proximidades soltando “papagaios” para matar tempo enquanto desempenhavam a missão de vigilantes dos bandos que avisavam, correndo como cabritos, de que a Polícia subia. Tinham, agora, motocas e outros meios de comunicação. Distribuíam-se estrategicamente. Aí me informaram,. gente que sabia das coisas, que havia estrangeiros nos morros treinando os bandidos em como guerrear. Falavam português “engraçado”, eram ex-guerrilheiros africanos. Gente que nada mais sabia do que lutar. Guerrilheiros que fugiam de seus países onde seus grupos haviam sido derrotados. Seriam angolanos. Serão de outras origens agora, não sei, estou longe. Aposto que qualquer chofer de táxi sabe. Isto não deve ter mudado. Escrevi a respeito. Pelo que aconteceu depois, não investigaram a minha suspeita.

Os ataques em S. Paulo e os do Rio têm todas as características de planejados e executados por guerrilhas treinadas e bem comandadas. E, pelas aparências, estão sendo enfrentados por táticas convencionais que tendem a ser derrotadas. É o banditismo dos novos tempos: armas de ataque e meios de defesa. E podem comprar as armas que desejarem num mercado negro internacional suprido de tudo. Até das mais mortíferas.

Os bandidos que ameaçam Rio, S. Paulo e outros centros urbanos brasileiros só não assumiram uma ideologia. São, talvez, o tipo mais perigoso de guerrilhas cuja bandeira é a sobrevivência a todo custo. Cruéis ao extremo. A questão agora é saber como poderão ser derrotados. Os morros e favelas têm as posições de domínio estratégico. E a vantagem de poder contar com o escudo dos Códigos de Defesa dos Direitos Humanos.

* Jornalista correspondente em Israel.

 

 

 

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Bernardo Santoro

Bernardo Santoro

Mestre em Teoria e Filosofia do Direito (UERJ), Mestrando em Economia (Universidad Francisco Marroquín) e Pós-Graduado em Economia (UERJ). Professor de Economia Política das Faculdades de Direito da UERJ e da UFRJ. Advogado e Diretor-Executivo do Instituto Liberal.

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