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Finalmente o sangue foi estatizado!

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COLABORADORES

29.10.08

 
 

Finalmente o sangue foi estatizado!

MARIO GUERREIRO*

Eu sou daqueles poucos que não têm a menor dúvida de que o Brasil é uma social democracia pervertida.

Como sabemos, em sociais democracias o cidadão é espoliado por impostos e atormentado pela forte intervenção do Estado, mas ao menos recebe uma série de bons serviços gratuitos: assistência médica e dentária, educação, salário-desemprego, etc. Mas o Brasil acabou se transformando na Alemívia: impostos da Alemanha de Merkel, serviços da Bolívia de Primevo Inmorales.

Nossos monopólios estatais, grandes cabidões de empregos de políticos e assolados por constantes desvios de verbas, proliferam mais do que ratazanas em Copacabana. Só o presidente Ernesto Geisel, o Estatizante, criou mais de 150 estatais! E seu sucessor, João Figueiredo, uma vez indagado pela mídia quantas estatais tinha o Brasil, foi sincero: disse que não fazia a menor idéia. Dito pelo patrão das empresas, isto é algo simplesmente espantoso!

Embora não tenham ainda sido criadas a feijãobras e a arrozbras, foi finalmente criada a sanguebras, perdão: a hemobras, pois não irá criar um banco nacional de sangue para atender as necessidades dos insaciáveis vampiros do SUS, mas sim produzir hemoderivados como o plasma, soro, albumina, etc.

A justificativa para sua criação é sempre a mesma, always the same old shit: reduzir a dependência nacional das execráveis multinacionais. Só não é considerada execrável a multinacional nacional, como é o caso de uma empresa que, no Brasil, atende pelo nome de petrobras, mas, em países do terceiro mundo em que se instalou e em que exerce deplorável exploração imperialista, recebe o pseudônimo de brazpetro (Brazilian Petrol). Desse modo, não será de causar espécie se, futuramente, for criada mais uma multinacional: a brazhemo, e esta mesma venha a sugar o sangue de países pobres do terceiro mundo.

Criada em 2005 e, na ocasião, orçada em R$ 327.000.000 (Trezentos e vinte e sete milhões de reais) – uma merrequinha, convenhamos! – a hemobras (Empresa Brasileira de Hemoderivados e Biotecnologia) deverá produzir 500.000 litros de plasma por ano e diz o governo que isto representará uma “substituição de importados por similares nacionais” reduzindo as despesas em R$ 400.000.000, 00 (Quatrocentos milhões de reais) por ano.

Não questiono o que diz o governo, questiono o que ele não diz: Qual o custo das mordomias, dos desvios de verbas e do desvairado empreguismo gerados pela hemobras? De qualquer modo, criada em março de 2005, só em julho de 2008 começaram as obras de terraplanagem para a fábrica em Goiana (PE). Mas por que em Pernambuco, tão distante do Rio, São Paulo, Belo Horizonte, grandes centros consumidores dos hemoderivados e onde há o maior número de hemofílicos?!

Ora, por uma razão muito simples. Porque o Ministro da Saúde na ocasião da criação era Humberto Costa e ele – assim como o Supremo Manda Otário da nação – era e é pernambucano. Mas segundo o presidente da hemobras, Paulo Baccara – não sei se é também pernambucano ou se é parente da Roleta – “a decisão foi tomada pelo foco desse governo na responsabilidade social. O desenvolvimento e o conhecimento têm que ser levados para outras regiões do país” (Jornal do Commercio, 29/9/2008). Falou bonito! Beleza Pura!

Diante de tão bela e humanitária declaração, concluímos que, no Brasil das Mil Estatais, o lucro é sempre político e o prejuízo sempre econômico.

Mas segundo ainda Baccara, a grande distância entre fonte produtora dos hemoderivados e os grandes centros consumidores dos mesmos só aumentará o preço dos bens com o custo de transporte em apenas míseros 8%. Ora quem faz a primeira afirmação relativa à “responsabilidade social” marcada pela irracionalidade econômica, desperta inevitavelmente a suspeita quanto à veracidade da segunda.

Mas seguindo esse mesmo critério estratégico, por que não fazer uma estatal de peças de computador, a chipsbras – e quem sabe até a brazchips? -, no sertão de Quixeramobim ou em Brejo das Almas Penadas? Arre égua!

* Doutor em Filosofia pela UFRJ. Professor Adjunto IV do Depto. de Filosofia da UFRJ. Membro Fundador da Sociedade Brasileira de Análise Filosófica. Membro Fundador da Sociedade de Economia Personalista. Membro do Instituto Liberal do Rio de Janeiro e da Sociedade de Estudos Filosóficos e Interdisciplinares da UniverCidade.

 
 

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Bernardo Santoro

Bernardo Santoro

Mestre em Teoria e Filosofia do Direito (UERJ), Mestrando em Economia (Universidad Francisco Marroquín) e Pós-Graduado em Economia (UERJ). Professor de Economia Política das Faculdades de Direito da UERJ e da UFRJ. Advogado e Diretor-Executivo do Instituto Liberal.

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