O curioso caso da fortuna de Amoedo

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Amoedo é um elemento singular no processo eleitoral brasileiro. Ele mostrou, no mínimo, dois pontos que todo brasileiro deve – ou deveria – saber sobre a própria política brasileira:

(a) Você pode ter mais de meio bilhão de reais e, mesmo assim, não ter poder político suficiente para subir 1% nas pesquisas eleitorais brasileiras.

(b) A maioria dos brasileiros odeia o sucesso alheio e é invejosa.

Sim, somos invejosos. Não conseguimos lidar com o sucesso alheio. Principalmente no cado de João Amoedo que declarou incríveis 452 milhões de reais em valor patrimonial. O cara é bem sucedido na sua vida pessoal. Sua trajetória pessoal possibilitou a aquisição de um patrimônio que 99% dos brasileiros nem sequer sonha em ter.

Muitos, em seu lugar, não estariam e nem chegariam perto da política brasileira. Estariam farreando, morando fora do país. Devemos dar crédito ao João Amoedo em um ponto: no meio de tudo, ainda tem coragem de botar a cara em jogo e também o seu patrimônio.

Enquanto os outros candidatos declaram menos de um milhão de reais, tendo uma vida política de mais de 40 anos, e jogam na cara do Brasileiro como ele prefere ser feito de palhaço a ser tratado como igual. E a mídia ainda se espanta quando outro candidato à presidência, Jair Bolsonaro, declara dois milhões de reais em patrimônio.

Outro ponto interessante foi que o discurso da esquerda sobre “é o dinheiro que manda” caiu por terra. Um candidato que tem meio bilhão de recursos próprios não atinge nem 1% da pesquisa eleitoral. Bizarro, não? Enquanto aquele que declarou um milhão e trezentos mil reais, tem 8% das intenções de voto.

Sim, vão falar que banqueiros têm influência e dinheiro. O problema é que os bancos podem vencer a concorrência, porque detém poder político. Não poder econômico. A fonte da corrupção não é o dinheiro, é o poder. Ele também é a fonte de toda e qualquer corrupção.

A questão maior é que o Brasil não está pronto para pessoas como Amoedo – bem sucedido em sua vida pessoal – e o Amoedo não está pronto para o Brasil. Estão excluindo João do debate por medo de perderem votos. Por medo de que o brasileiro acorde do seu sono invejoso e rancoroso, que perceba que o Brasil tem jeito, tem novos caminhos. E esse caminho não compreende o messianismo e tampouco a esquerda. Novos caminhos para um Brasil mais livre, menos dependente de políticos: esse é o medo real.

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Lucas Pagani

Lucas Pagani

Acadêmico de Economia da Universidade Federal de Rio Grande (FURG).

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